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Duas senhoras corridas! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 30 November 2014 21:25

Olá leitores!

 

Esse final de semana tivemos apenas 2 corridas... mas que corridas! Em uma delas um piloto voltou a ser campeão após 23 anos e em outra houve a despedida de um grande campeão, o retorno às pistas de outro e a primeira vitória de uma grande marca após seu retorno às corridas de Endurance. Tá bom para vocês?

 

Comecemos com o título do Rubens Barrichello na Stock Car: absolutamente merecido, ele fez uma bela temporada, e depois que aprendeu as reações do carro (muito diferentes das de um F-1) e como funciona a estratégia das corridas da categoria, finalmente teve a oportunidade de mostrar o seu talento. Talento esse que foi amplamente demonstrado nas categorias de acesso à F-1, mas que na categoria principal nunca apareceu do jeito que o grande público gostaria. Ele deu muito azar, devemos reconhecer: quando era apenas um jovem promissor, fazendo o seu necessário trabalho de aprendizado em uma equipe pequena, na parte de trás do pelotão, o grande ídolo nacional morreu em frente às câmeras, televisionado para o mundo inteiro, enquanto ele estava se recuperando de um acidente durante os treinos. Seja por ingenuidade, seja por excesso de autoconfiança, ele “entrou na onda” da emissora que retransmitia – e continua retransmitindo – as corridas e necessitava de um novo ídolo para manter seus índices de audiência, e assumiu para si a responsabilidade de ser o novo ídolo da nação.

 

Como sabemos, foi esse o seu maior erro: em equipes pequenas ou médias não era possível pensar em atingir essa meta, e quando ele foi para a equipe grande que lhe deu possibilidade de andar no pelotão da frente teve o enorme azar do seu companheiro de equipe ser o homem que destruiu todos os recordes da categoria. Rubinho era bom, mas não a ponto de poder enfrentar o alemão. Era respeitado, tanto que não era incomum o Schumacher copiar o acerto do carro de Rubens para a corrida, mas não basta ser bom quando se divide a equipe com um excepcional, um fora de série. Mal comparando, a história do Stirling Moss: poderia ter sido campeão, mas foi contemporâneo de Fangio... O fato é que a torcida cobrava dele as bravatas proferidas em frente aos microfones, e logo começaram as piadas e os trocadilhos, poucas vezes de bom gosto. Rubinho Pé de Chinelo era das menos ofensivas que ele recebia. Após sair da Ferrari, sofreu na Honda, voltou a vencer na Brawn, sofreu mais 2 anos na Williams (em uma fase decadente), tentou correr na Indy mas as condições da categoria não eram mais as que permitiram ao Nigel Mansell se tornar o campeão logo no seu ano de estreia, com as restrições aos testes particulares forçadas pelas dificuldades econômicas da categoria, e ficou apenas um ano nos EUA.

 

 Voltou para o Brasil, recebeu convite para testar o carro da Stock, gostou, e renasceu na categoria. Esse título nada mais é que o fruto de toda essa história de dissabores que ele sofreu, voluntária ou involuntariamente, desde que ganhou aquele título da F-3 inglesa há mais de 20 anos. Isso é sério: tem muitos brasileiros que nunca viram o Rubinho ser campeão, essa é a primeira vez.

 

A corrida? Bem, foi uma típica corrida de Stock Car: pilotos se enroscando na primeira volta, acidente, safety-car, relargada... nada que seja diferente daquilo que o fã da categoria se acostumou a ver. Rubinho tinha a pole, escorregou com o carro em um ponto que tinha (provavelmente) uma mancha de óleo, mas correu com aquilo que sempre foi sua marca registrada: o cérebro. Para ele bastava terminar em 4º lugar para ser campeão, e o 3º lugar estava louco de bom. Pronto, campeão após 23 anos de intervalo. A vitória ficou com Daniel Serra, que fez uma ótima prova, e em 2º chegou Átila Abreu.

 

Tivemos também a prova de encerramento da temporada do WEC, as 6 Horas de Interlagos. Prova que marcou a primeira vitória da Porsche nesse seu retorno à categoria principal do Endurance, mostrou (com o grave acidente do Webber nos minutos finais na Curva do Café) a resistência desse chassis da Porsche, marcou o retorno às pistas do Emerson Fittipaldi (pilotando uma Ferrari 458 da categoria GTE-Am) e a aposentadoria do “Mr. Le Mans”, o dinamarquês Tom Kristensen, 9 (isso mesmo, NOVE) vezes vencedor das 24 Horas de Le Mans. Pouca coisa? Definitivamente não. A Toyota já tinha assegurado antecipadamente o título de pilotos com a dupla Davidson e Buemi, e em Interlagos conquistou também o título entre os construtores, quebrando um longo domínio da Audi na categoria.

 

O mais interessante na corrida foi ver o estágio de desenvolvimento dos carros da categoria: em uma prova de 6 horas de duração, o ritmo foi muito forte, coisa de corrida de F-1 antes das atuais restrições de combustível no tanque. Muito bom de se ver. E para quem reclama do barulho dos carros da F-1, o silencio dos carros do WEC deve ter sido enervante. Vitória na geral ficou com o trio Dumas/ Jani/ Lieb, no Porsche 919 híbrido #14, em 2º chegou o Toyota TS 040 híbrido # 8, da dupla Davidson e Buemi, e em 3º o Audi R18 e-tron #1 do trio Di Grassi/ Duval/ Kristensen. Na GTE-Pro o brasileiro Fernando Rees foi o 5º na categoria (11º na Geral) com seu Aston Martin e na GTE-Am o carro de Emerson Fittipaldi terminou em 6º na categoria e 21º na geral, 63 voltas atrás do líder após ter o câmbio trocado em decorrência da quebra da 4ª marcha.

 

Para terminar, uma cornetada: após o acidente com Webber, os comentaristas da TV começaram a falar do “perigoso” circuito de Interlagos... por favor, deem-me um tempo: vão me dizer que Spa-Francorchamps é mais seguro que Interlagos? Em Le Mans teve protótipo destruído e ninguém falou em “vamos parar de correr aqui, é muito inseguro”. Piloto morreu em Le Mans, e a corrida continuou. Em 2012 correram em Sebring, que é uma pista que aproveita trechos do aeroporto, então o piso é misto, asfalto e concreto, terrível para pilotar. Hora de parar de criticar com base no “acho que”, falta estudar um pouco mais do que é automobilismo. E como não canso de repetir: automobilismo é perigoso, se quer segurança vá jogar xadrez.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini 

 

Last Updated ( Monday, 01 December 2014 08:13 )