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Adrian e Esteban: os despejados! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 10 November 2014 17:06

Olá fãs do automobilismo,

 

Eu esperava que a estada em São Paulo fosse bastante agitada, mas não imaginava que seria tanto!

 

Precisei atender no consultório das 9 da manhã às 10 da noite até o sábado antes da corrida para poder atender todos os pacientes e conseguir retornar para Cuiabá na noite do domingo, uma vez que a minha licença foi de apenas quatro dias e não uma semana como no ano passado. Ainda bem que eles todos foram muito compreensivos, mas o chique mesmo foi voltar de jatinho executivo junto com um dos meus queridos pilotos para fazermos a sua sessão, que seria na segunda-feira, no ar, antes dele voltar para a Europa. Senti-me o máximo!

 

No ano passado, eu conseguia tempo para dar umas voltinhas pelo paddock e ver algumas das personalidades, mas este ano consegui sair do “consultório” apenas duas vezes e foi tão pouco tempo que pareceu ter a rapidez de uma parada para troca de pneus.

 

O anúncio de Marcus Ericsson e Felipe Nasr como pilotos da Sauber para 2015 nos dias que antecederam os GPs dos Estados Unidos e do Brasil implicaram na dispensa antecipada de Esteban Gutierrez e Adrian Sutil, atuais pilotos do time e que não esperavam por esta “surpresa” de final de ano.

 

Adrian, com Lucas Di Grassi e Lewis Hamilton no pódio, mostrando que andava na frente.

 

Adrian esteve comigo na quinta-feira, antes do anúncio de Felipe Nasr como novo piloto da equipe. Ainda estava atendendo no consultório e observei meu telefone tocando insistentemente ao longo da última sessão. Como estava com um paciente, só pude retornar após o seu término.

 

Meu paciente estava completamente transtornado! Ele é um dos meus pacientes mais antigos, desde antes mesmo daquele embaraçoso episódio onde ele envolveu-se numa briga em uma casa noturna em Shanghai, após o GP da China de 2011, quando atacou um diretor da então Lotus Renault com um copo de vidro, cortando-o na altura do pescoço.

 

O ocorrido rendeu-lhe um processo judicial que o prejudicou profissionalmente, além da condenação a pagar uma indenização de 200 mil Euros e uma pena de 18 meses de prisão que, ao custo de muito trabalho de seus advogados, ficou como regime de condicional.

 

A Mildland virou Spyker, que virou Force India... e Adrian Sutil continuou no time.

 

Logo que comecei a fazer as sessões com Adrian, ele perguntou-me se eu falava espanhol. Eu disse que, com algum esforço conseguiria entender e, foi graças a ele e ao Fernando [Alonso] que perdi a preguiça e fui ter aulas do idioma para poder me comunicar melhor com eles.

 

Seu pai é uruguaio e, além do espanhol, colocou a música em sua vida. Adrian é um exímio pianista, algo que julgo muito útil com os atuais volantes dos carros de Fórmula 1. O pianista tentou levar o filho para o caminho da música, mas a sinfonia dos motores falou mais alto... numa época que saia som dos motores (risos).

 

O contato de Adrian com o Kart foi só aos 14 anos, onde correu até os 18 anos e partiu para o caminho dos monopostos, onde foi campeão de F.Ford em 2002 e andou na F. BMW em 2003, antes de seguir para a F3, onde correu o europeu e o alemão, vencendo o campeonato de 2006.

 

A carreira de Sutil estava indo bem e ele era olhado por chefes de grandes equipes... até o ocorrido em Shanghai.

 

Foi quando apareceu nas vitrines e foi chamado para ser piloto de testes da Mildland como piloto de testes, assumindo um lugar como titular no ano seguinte, quando a equipe passou a se chamar Spyker. Foi a vez dele substituir um piloto como agora está sendo substituído.

 

Este foi um momento em que foi preciso convidar meu paciente a fazer uma introspecção: não seria este “um movimento normal da vida na Fórmula 1”? Ainda mais hoje, com a chegada de pilotos cada vez mais precoces às equipes, seja como pilotos de teste, seja como titulares.

 

Adrian não foi um “precoce”, mas chegou por méritos e talento. Lógico que precisou ter patrocinadores para manter-se na equipe quando Vijay Mahlya comprou a Spyker e ela passou a ser a Force Índia. Ele sabe que vinha num crescente... até acontecer o problema na China.

 

Depois do retorno, um ano na Force India e a ida para a Sauber este ano. Não foi uma boa mudança... 

 

Hoje, aos 31 anos, Adrian tem consciência de que vai precisar de uma grande mudança no meio da categoria para continuar no ‘circo’. Algo que talvez nem mesmo um grande patrocínio seja capaz de conseguir. Seu companheiro de equipe este ano que o diga.

 

O paciente que estava comigo quando o telefone começou a tocar insistentemente era justamente o Esteban. Uma semana antes, tanto ele quanto Adrian foram surpreendidos com a notícia da assinatura do contrato da Sauber com Marcus Ericsson. Restaria uma vaga para um dos dois?

 

Esteban mostrou desde o início de carreira que era um vencedor.

 

Esteban não pode ser chamado de um piloto que chegou à Fórmula 1 apenas por ter um grande ‘mecenas’ como Carlos Slim. Ao longo de sua trajetória, desde o kart, ele destacou-se como um vencedor. Bastaram três anos no kart, iniciando aos 13, para todos verem que ele tinha mais talento natural para a pilotagem do que o irmão mais velho, Andrés.

 

A trajetória nos monopostos, iniciada aos 16 anos foi vitoriosa. Venceu quatro corridas da BMW América em 2007, sendo o “calouro do ano”. No ano seguinte, na Europa, Foi campeão da categoia com 7 vitórias e 12 pódios em 16 corridas. Em 2010, foi campeão da GP3, chegando na GP2 como candidato ao título para o ano seguinte.

 

Na GP3, foi campeão com competência e tendo um apoio pesado de seu patrocinador local.

 

Nos dois anos disputando a categoria de acesso, mostrou ter velocidade e constância para merecer o investimento dos seus patrocinadores para buscar um lugar na Fórmula 1. Inicialmente como piloto de testes, depois como piloto titular na Sauber, já a partir de 2013, no lugar de seu compatriota Sergio Perez.

 

Esteban tem apenas 23 anos, ou seja, chegou na Fórmula 1 aos 20 como piloto de testes e aos 21 como titular de uma equipe. Ele confia muito em si e acredita que, com o equipamento certo, pode mostrar ao mundo que é aquele piloto que ganhou títulos na Fórmula BMW e na GP3. Contudo, como convencer as pessoas disso?

 

Na GP2, não conseguiu o título, mas conseguiu um lugar na Fórmula 1.

 

Depois do anúncio de Felipe Nasr para a equipe, e tendo Marcus Ericsson já contratado, Esteban “caiu em si” para uma situação que não achava provável: que mesmo com um forte patrocínio como o seu, nem isso seria ou será garantia de que ele terá um lugar para correr na Fórmula 1 em 2015.

 

O mais angustiante de tudo, para ambos, é que “o circo encolheu”. Sem as duas equipes pequenas, que fecharam as portas no fim deste ano, ficou ainda mais difícil conseguir um cockpit. O que fazer?

 

A incerteza agora é a única coisa que Esteban e Adrian tem em comum.

 

Fazer o de sempre: continuar lutando e mostrando que podem fazer muito mais do que conseguiram este ano com um carro que quase sempre não lhes deu condições de sequer brigar por pontos.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares

 

 

 

Last Updated ( Monday, 10 November 2014 18:20 )