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Mais uma vez, Rubinho. PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 31 October 2014 17:34

Olá fãs do automobilismo,

 

Neste último final de semana, confesso que estive a um passo de cometer um erro que um profissional da minha formação e trabalho jamais deve cometer: procurar um paciente ao invés de ser procurado por ele. Mas voltei à razão a tempo, graças a Deus!

 

Este “momento de fraqueza” é fruto desta minha paixão enorme pelo automobilismo. Os queridos leitores não fazem ideia de como é difícil separar a fã Catarina da Dra. Catarina, que tanto admira os feitos dos seus pacientes nas pistas pelo mundo. Que torce, que sofre, que ri, que chora, que se apavora quando vê um acidente e que fica angustiada quando um destes ídolos “tropeça em suas fraquezas”.

 

É muito comum ouvirmos comentários sobre a posição que o terapeuta precisa ocupar frente ao seu paciente. Posicionamentos radicais carregam a ideia de que o terapeuta deve manter certa distância de seu paciente para que consiga avaliar de forma eficiente o caso que atende.

 

Costumo dizer que há caos e casos. Tenho percebido, em seminários e congressos que participo, que o pensamento no sentido da “busca de uma neutralidade”, que facilita a categorização e a classificação dos pacientes segundo determinados modelos acaba tornando a clínica inviável. Pelo menos a clínica que defendo, pautada na compreensão e no relacionamento engajado com cada paciente, obviamente respeitando limites de ambos os lados.

 

O exercício da psicologia nos dias de hoje – na verdade, de sempre – é algo que todos nós temos que fazer em nossos círculos de convívio. Desde a relação familiar, ao trabalho, aos círculos sociais e o cuidado com a exposição de ideias e/ou comportamento nem sempre são bem aceitas ou compreendidas.

 

Mesmo antes de passar a fazer parte da equipe da transmissão, eventualmente Rubinho participava de programas da TV.

 

A espera até a tarde da terça-feira (a consulta semanal de Rubens é a primeira após o almoço e preciso admitir que engolir a salada do eterno regime foi mais difícil do que nunca.

 

Ele chegou um pouquinho atrasado, como é de praxe, mas estava com o sorriso de sempre, como se nada tivesse acontecido, apesar do que foi noticiado por todos os meios de mídia ligados ao automobilismo.

 

Rubens é uma pessoa que, desde menino vem sendo exposto no meio em que vivia, no esporte, na imprensa e, devido a trajetória de sucessos que o levou para a Fórmula 1, sua vida, seus sentimentos, seus pensamentos e suas palavras acabaram impactando em sua vida de uma forma nem sempre positiva. A cobrança sempre foi enorme, o título nunca vinha, a exposição só crescia. Onde isso iria parar? Acabou parando na televisão!

 

Neste ano, em um programa especial, Rubinho foi apresentado como membro da equipe que estaria nas corridas.

 

Depois que parou de correr em monopostos de partiu para uma carreira nacional, correndo na Stock Car, Rubens tornou-se a grande estrela do espetáculo. A hora da visitação de boxes em frente a equipe Full Time é uma coisa fora do comum, tamanha a quantidade de gente que quer uma foto, um autógrafo, um sorriso.

 

Aliada a esta imagem de “garoto simpatia”, os 19 anos dentro da Fórmula 1 acabaram levando-o de volta à categoria... na figura de comentarista. O canal de televisão que transmite as corridas tem, há algum tempo, apostado no seguimento de ex-atletas como comentaristas nas transmissões de outros esportes, e já estando com um ex-piloto nas transmissões, apostou na carismática figura de Rubens para dar uma nova dinâmica e buscando dar uma levantada na audiência, que anda em queda livre.

 

A equipe de transmissão chegou a, em algumas corridas, deixar de fora o decano Reginaldo Leme, apostando nos pilotos.

 

Foi evidente que as entradas de Rubens antes das largadas eram bem mais interessantes do que as da Mariana Becker. Além de mais conhecimento técnico, a boa relação que Rubens tem com as pessoas do meio deu a ele aberturas e retornos que os repórteres da emissora não conseguiam.

 

Não bastasse isso, os comentários,colocações e traduções das conversas de rádio, com direito a interpretações estava fazendo um diferencial nas transmissões... que certamente estava incomodando quem costumava ser – e faz questão de ser – o centro das atenções.

 

Rubens estava feliz por estar de volta ao meio de onde nunca aceitou bem ter saído, especialmente da forma como saiu... e aí vieram os problemas. O fato de usar suas viagens comentando provas para se oferecer a equipes da Fórmula 1 foram determinantes para o que a relação com a emissora se deteriorasse.

 

Carismático e divertido, Rubinho dava uma ar descontraído às transmissões da Fórmula 1.

 

No ano passado, um episódio que pode ter sido sintomático e deixado a diretoria da emissora em estado de alerta, criou “um certo clima”. Em outubro, Rubens conversou com a Sauber para assumir um posto na equipe Suíça, a princípio como piloto de testes, mas até mesmo pensando na possibilidade de disputar o GP Brasil. Ele não falou nada com a emissora, que quando viu a notícia na mídia esportiva não gostou nem um pouco.

 

Nós já havíamos conversado várias vezes sobre isso. Eu sempre tive uma opinião pessoal de que ele não deveria ter aberto mão da carreira internacional e que, se não fosse a Indy, um Mundial de Endurance ou outra categoria de destaque deveriam ser levadas em conta, mas era algo que deveria partir dele e não de mim. Nunca manifestei este pensamento em nossas sessões, mas uma verdade é preciso ser dita: Rubens nunca se aceitou como um ex-piloto de Fórmula 1.

 

Este ano, em Singapura, Rubens “fez o que não devia” – ao menos aos olhos dos seus patrões – mais uma vez quando ofereceu-se para ser o piloto de testes da Mercedes para a próxima temporada. Aquele final de semana foi a sua última aparição nas transmissões das corridas.

 

Bem relacionado e bem quisto, todo mundo dava entrevista pra ele, faziam até piadinhas.

 

Procurei conduzir a conversa para tentar saber mais sobre o que era a visão dele sobre o ocorrido e sobre o que foi noticiado pela imprensa a respeito. De forma bastante relaxada, Rubens disse que tinha um contrato para algumas corridas e este tinha acabado, não tinha sido por causa da Mercedes, além disso, o contrato dizia que, caso recebesse um convite para correr, não haveria problema.

 

Talvez o problema tenha sido não o fato de ser convidado, mas o de oferecer-se. Assim como diversas outras coisas surgiram, como uma possível série de atritos com a equipe, indo desde diretores até os colegas de transmissão, Galvão Bueno, inclusive. Mas Rubens negou isso em público e aqui no consultório, assim como a emissora.

 

Cerca de dois anos atrás, quem estava deitado no meu divã era o Michael Schumacher e conversávamos sobre a sua volta e a iminente saída da categoria no final de 2012. Terminei o artigo com um verso de uma música do Legião Urbana: “temos nosso próprio tempo”!

 

As fontes falaram em desentendimentos com Galvão Bueno, ambos negaram. 

 

Ainda preciso despertar em Rubens esta visão da realidade na qual – a contragosto – ele foi colocado. Quem sabe Rubens não acabe “se descobrindo” como um grande narrador e comentarista de automobilismo. Eu gostaria de vê-lo de volta às transmissões, mas também gostaria que ele assimilasse a ideia de que o cockpit da categoria, ao menos profissionalmente, não é mais o seu lugar.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares

 

p.s. entre os dias 4 e 10 de novembro, estarei em São Paulo, de licença do emprego aqui em Cuiabá, para atender os meus pacientes que estarão no Brasil. Estarei circulando pelo paddock de Interlagos, quem sabe não nos encontramos por lá? 

 

Last Updated ( Friday, 31 October 2014 18:03 )