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A evolução do Airbag PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 31 October 2014 16:53

Olá pessoal que acompanha o site dos Nobres do Grid,

 

O acidente que deixou Jules Bianchi em coma no Grande Prêmio de Suzuka tem gerado inúmeras discussões sobre a segurança do piloto e ideias sobre uma cobertura para o cockpit surgiram. Anos atrás, a ideia que surgiu foi a colocação de ‘airbags’. Como este ano deveria estar sendo obrigatória por lei a implantação deste equipamento de segurança em todos os carros produzidos no país a partir de 2014, este será o tema da minha coluna deste mês.

 

A discussão sobre a obrigatoriedade do 'airbag' nos veículos já é antiga. Em 2009, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) estipulou por meio da resolução 311 , que todos os veículos novos saiam de fábrica com um “kit de segurança veicular” composto por ‘airbags’, cintos de segurança retráteis, encostos de cabeça ajustáveis para todos os ocupantes do veículo, entre outros itens. Buscando reparar um vácuo da nossa legislação em relação aos países mais avançados, onde nem se imagina um carro sem qualquer destes items.

 

O assunto é muito sério uma vez que envolve custos altíssimos e vidas humanas (que não tem preço). Um estudo feito em 2008 pelo Centro de Experimentação e Segurança Viária concluiu que, se todos os carros envolvidos em acidentes no Brasil tivessem 'airbag', o dispositivo poderia ter salvado: 3.426 vidas entre 2001 e 2007 e poupado 71.047 feridos dos seus machucados, gerando uma economia ao sistema de saúde do país da ordem de R$ 2,2 bilhões.

 

Um minuto para uma rápida aula de física: a colisão frontal de dois carros trafegando em sentidos opostos numa velocidade de 40 Km/h é o mesmo que um carro batendo numa parede a 80 Km/h, uma vez que os vetores sendo em sentido oposto serão somados para determinar a velocidade do impacto.

 

 No final dos anos 60 alguns carros já tinha airbags, mas os estudos começaram bem antes.

 

Quem neste mundo, até mesmo na Bahia onde todo mundo fala que o baiano é “devagar, quase parando” as pessoas andam a 40 Km/h? É todo mundo numa pressa danada para chegar sei lá aonde. O impacto da colisão de um veículo a 80 km/h contra uma parede é igual a de um carro que despenca do 10º andar ao bater no chão. Agora imagine dois carros na estrada numa colisão frontal com ambos a 100 Km/h...

 

Mais antiga ainda é a origem dos ‘airbags’. Os primeiros testes com bolsas de ar foram registrados na década de 1950. Em 1951, o alemão Walter Linderer patenteou uma bolsa de ar comprimido, acionada em caso de contato com o para-choque ou do motorista com o volante, mas o enchimento da bolsa era muito lento. Dois anos depois, o norte-americano John Hendrik também patenteou um conjunto de almofadas de segurança para veículos automotores, mas o projeto não foi para frente.

 

O maior argumento para a instalação dos airbags era impedir o choque do piloto com o volante e o painel do carro.

 

Apesar dos primeiros movimentos não terem sido bem recebidos e implementados, Allen Breed, um engenheiro mecânico de Nova Jersey (EUA), inventou o primeiro sistema automotivo eletromecânico do mundo com sensor de colisão no ano de 1968 que funcionou com alguma eficiência.

 

O experimento de Allen Breed despertou as grandes montadoras e poucos anos depois, em 1971, a Ford construiu uma frota experimental com as bolsas infláveis e colocou-a para rodar e fazer das estradas americanas um laboratório real. Não demorou muito e em 1973 a General Motors testou um dispositivo com princípio de funcionamento semelhante em um modelo que era vendido apenas para o Governo dos EUA.

 

 Na Europa, a Mercedes Benz foi a pioneira no estudo e na introdução dos airbags em seus carros.

 

No mesmo ano, o primeiro carro para passageiros equipado com airbags foi introduzido no mercado: o Oldsmobile Toronado. Um ano depois, Buick, Cadillac e Oldsmobile passaram a oferecer 'airbag' duplo como opcional em vários de seus modelos. Quarenta anos depois o Brasil ainda estava nessa de ‘airbag’ como “opcional”.

 

Na Europa os fabricantes também trabalhavam em opções para proteger os ocupantes dos carros e em 1980 que a Mercedes-Benz lançou um de seus veículos da ‘Classe S’ com o ‘airbag’, contudo, apenas o motorista tinha o equipamento à sua disposição. Ao longo da década, o equipamento foi sendo disponibilizado em outras classes da montadora alemã e outros fabricantes foram introduzindo o equipamento.

 

Com o passar dos anos, além dos airbags frontais, os fabricantes de veículos passaram a pensar em outros pontos de proteção.

 

Nos Estados Unidos, a Chrysler foi a primeira montadora a disponibilizar ‘airbags’ como equipamento de série, em 1988. Já em 1994, a TRW iniciou a produção do primeiro 'airbag' inflado com gás, que são obrigatórios nos veículos norte-americanos desde 1998.

 

Aqui no Brasil, com a abertura para a chegada de carros importados, o ‘airbag’ que era um “luxo” em alguns casos tornou-se um problema: diversos casos de ‘airbags’ acionados por conta dos buracos e solavancos que nossas ruas e estradas provocavam nos carros com o equipamento deu enorme dores de cabeça para proprietários e importadores.

 

Em 1994 a A Volkswagen apresenta o primeiro airbag desenvolvido no Brasil, para o Gol Geração II. O sistema foi adaptado a nossas péssimas condições de pavimentação de ruas e estradas.

 

25 milésimos de segundo. Este é o tempo que o airbag deve levar para encher quando for acionado. 

 

As bolsas dos ‘airbags’ para serem realmente eficientes precisam inflar rapidamente para amortecer o choque entre os ocupantes e o veículo. O tempo estabelecido é o de 25 milésimos de segundo por praticamente todos os fabricantes. Segundo estatísticas da NHTSA (National Highway Traffic Safety Administration) nos Estados Unidos, a eficiência do sistema de ‘airbag’ consegue reduzir em cerca de 30% o risco de morte.

 

O acionamento do sistema de ‘airbag’ é relativamente simples. Em casos de desaceleração brusca, um sensor identifica a variação de velocidade e envia um sinal elétrico para que ocorra a reação química ativando uma massa formada por gases  que irá aquecer um composto químico chamado azida de sódio ou nitreto de sódio (NaN3), que até então permanecera guardado em um pequeno compartimento. A alta temperatura faz o material se decompor em sódio metálico (Na) e em nitrogênio molecular (N2), o qual é libertado como um gás e rapidamente enche a bolsa (como carros de Fórmula 1 tem uma desaceleração brusca, provocada pelo seu eficiente sistema de freios, a ideia do ‘airbag’ foi descartada para a categoria).

 

Não bastassem os airbags laterais, a indústria automobilística já está instalando bolsas entre os bancos...  

 

Essa reação química em questão para o acionamento do sistema também pode se dar pela oxidação dos componentes de nitrato de potássio para formar o gás nitrogênio, que se expande a uma velocidade de 320 km/h, fazendo a bolsa inflar. Atualmente existem modelos que calculam a força do impacto e determinam a intensidade do enchimento do ‘airbag’.

 

Quando o ‘airbag’ é acionado, percebe-se a presença de um pó esbranquiçado. Esta substância nada mais é que talco comum ou amido de milho. A presença deste pó no compartimento da bolsa permite que a mesma permaneça maleável e lubrificado, evitando o ressecamento ou, devido a exposição do compartimento ao sol e altas temperaturas, o material sintético do qual é feita a bolsa de ar não seja danificada, perdendo a sua capacidade de abertura ou mesmo comprometimento de sua integridade quando o ‘airbag’ é acionado. Após inflar, a bolsa começa a esvaziar quase imediatamente por ser cheia de furos microscópicos.

 

Exagero? Testes com simuladores e manequins provaram o quanto podem ser importantes estes airbags. 

 

A legislação brasileira, de acordo com o que foi estabelecido para entrar em vigor este ano, exige apenas que o veículo traga ‘aibags’ para motorista e passageiro do banco da frente. Contudo, carros e SUVs para pessoas de maior poder aquisitivo podem contar com sistemas que protegem outras partes do corpo, bem como os ocupantes do banco traseiro.

 

Os ‘airbags’ laterais preservam o torso e os de cortina protegem contra impactos laterais, podendo ainda minimizar a entrada de estilhaços de vidro no carro. Já os centrais (entre os bancos da frente ou posições no banco traseiro) evitam que os ocupantes se choquem. Alguns carros chegam ao ponto de ter um ‘airbag’ no vidro traseiro para proteger a cabeça de quem viaja atrás em caso se colisão traseira. Existem ainda os de cinto distribuem melhor a força do impacto e os de de joelhos, para proteção destas articulações.

 

A preocupação com a segurança chegou aos pedestres, com a instalação de airbags externos para casos como este da foto. 

 

De pouco tempo para cá a indústria automobilística passou a ver o pedestre como fator para preservação de segurança. A suéca  Volvo desenvolveu um exclusivo sistema de ‘airbags’ externos, voltados para pedestres. A bolsa fica alojada na base do para-brisa e é acionada em casos de acidente entre 20 km/h e 50 km/h, visando atenuar as consequências em casos de atropelamento.

 

Portanto, quando for comprar seu próximo carro, mesmo que seja usado, leve em consideração todos os benefícios que um sistema de ‘airbag’ pode trazer para você e para sua família. Eles certamente agradecerão.

 

Muito axé pra todo mundo,

 

Maria da Graça