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Sebastian, o maior abandonado! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 11 October 2014 23:20

Olá fãs do automobilismo,

 

Quem já leu o meu perfil na seção de colunistas do site sabe que, além do meu consultório particular, sou funcionária pública e no meu trabalho, atuo diretamente  com crianças e adolescentes que passaram por traumas familiares, entre eles, o abandono.

 

Neste último final de semana tive um enorme privilégio como fã de automobilismo, que foi poder estar num GP de Fórmula 1, ainda mais na inauguração de uma nova pista como foi o caso do traçado de Sochi, na Russia. E ir para Russia com tudo pago, de classe executiva e ainda com um acompanhante (meu noivo não é lá muito fã de automobilismo, mas acabou aceitando viajar comigo) foi tudo de bom. Pena foi ter que voltar ainda no domingo à noite uma vez que consegui apenas dois dias de licença para viajar.

 

O motivo da viagem foi um pedido do Sebastian que insistiu em conversar comigo no sábado no final da tarde, depois dos treinos classificatórios e da reunião com a equipe. Se bem que, quando me viram no autódromo todos os meus pacientes vieram falar comigo e procurar saber o que eu estava fazendo tão longe de Cuiabá.

 

O sol estava longe de se por às 7 da noite quando Sebastian me pediu para acompanhá-lo até uma das salas reservadas no gigantesco motorhome da Red Bull. A expressão do seu olhar era um misto de angústia e incômodo diante da situação que estava vivendo naquele ano – de uma forma geral – e nas últimas semanas, em particular.

 

Desde o final dos anos 90, Sebastian Vettel já contava com o apoio da Red Bull ainda como kartista.

 

Como todos já sabem, Sebastian não será mais piloto da equipe Red Bull em 2015. O anúncio dado em nota da assessoria de imprensa da equipe no final de semana passado no Japão já era do meu conhecimento cerca de uma semana antes, quando em nossa sessão antes dele seguir para Suzuka ele falou que uma grande mudança na sua vida estava acontecendo e que aquilo era algo que ele via constantemente, mas não sabia o que era viver aquilo.

 

Logicamente, devido ao meu juramento da relação terapeuta-paciente eu não poderia simplesmente dar a notícia para que fosse publicada como “furo de reportagem” do site dos Nobres do Grid. Primeiro pelo pedido do paciente, segundo, pela ética profissional e terceiro por conto do que isso implicaria na relação com os meus demais pacientes. Aquilo que escrevo aqui é sempre algo que o paciente concorda com a publicação.

 

Na Fórmula BMW, além do apoio da marca de bebidas, contou com o apoio da fábrica alemã.

 

Sebastian tem – ou tinha – uma relação quase familiar com a Red Bull, que entrou na sua vida ainda na infância. E passou por todo o seu processo de formação e amadurecimento como piloto, no kart, na Fórmula BMW, na Fórmula 3 inglesa e o levou para a Fórmula 1 como piloto de testes. Quando Robert Kubica acidentou-se no Canadá, seu patrocinador bancou sua esteia no GP seguinte substituindo o polonês.

 

Ao longo desta trajetória, Sebastian falou que uma das pessoas mais importantes foi Helmut Marko, sempre apoiando-o e orientando-o a fazer “as coisas certas nos momentos certos”. “Foi ele que disse que eu estava pronto para ser titular na Toro Rosso ainda naquele ano”.

 

Na Fórmula 3 inglesa, a unica categoria na qual não foi campeão, mas venceu corridas e mostrou talento.

 

A vitória em Monza em 2008 com o carro da “equipe B” e o anúncio da minha ida para a equipe principal para o ano seguinte era a realização de um sonho daquele menino que corria no kartódromo do ídolo Michael Schumacher na Alemanha. Só faltava agora ter um carro que correspondesse as expectativas e a mudança do regulamento para 2009 foi o início de uma transformação na equipe.

 

Apesar da Brawn ter saído na frente, no segundo semestre os carros da Red Bull eram os mais rápidos na pista e Sebastian terminou o ano como vice campeão, entre os dois pilotos da equipe campeã. Se o projeto do ano seguinte fosse bom, as possibilidades de conquista do título seriam reais.

 

Em 2007 Sebastian Vettel estava na apresentação da equipe Sauber BMW para aquela temporada.

 

Em 2010 Sebastian sentiu bem q diferença do que era “fazer parte da família Red Bull”. Ao longo daquela temporada, todas as suas decisões eram apoiadas enquanto o seu companheiro de equipe, Mark Webber, era colocado em segundo plano e até mesmo criticado pelo seu tutor e protetor, Helmut Marko. O título foi suado, mas conquistado.

 

Nos anos seguintes Sebastian estabeleceu-se perante a equipe e perante o circo, conquistando outros três campeonatos. Diante da sua idade, os comentários sobre quem seria capaz de fazer frente a ele era quase como deixar uma pergunta no vazio... mas aí veio outra mudança grande.

 

Em 2008, numa corrida épica, conquistou uma surpreendente vitória com a toro Rosso em Monza.

 

O carro deste ano não “encaixou” com meu estilo de pilotagem, mas isso até pode ser “consertado”, pode ser administrado. O problema é que o motor do carro e todos os problemas de eletrônica que a equipe em geral e Sebastian em particular sofreram não foi fácil.

 

Pior que isso foi ver o novo piloto da equipe “encontrar o caminho” antes e começar a andar na sua frente. O fator de incomodação foi que, se no passado situações como esta contavam com um suporte completo da equipe e principalmente de Helmut Marko, desta vez o austríaco não tomou partido... e Sebastian sentiu o golpe.

 

Nos anos de vitória da Red Bull, quatro títulos, capacetes estilizados e uma comemoração ímpar, fazendo zerinhos!

 

Era como ser trocado por um brinquedo novo ou ter um irmãozinho caçula atraindo todas as atenções da família. Sebastian se sentiu abandonado! Depois de 15 anos de tratamento privilegiado, de ser “o cara”, as coisas simplesmente deixar de acontecer não está sendo fácil.

 

Sebastian disse que pensou muito antes de tomar uma decisão extrema como sair da equipe onde tudo aconteceu para ele desde o início. Contei para ele uma parte da situação que o Emerson Fittipaldi na Lotus em 73 e sua ida pra McLaren em 74 que li nas matérias aqui do site. Sebastian acabou por aceitar que, talvez sua vida devesse seguir um caminho parecido.

 

Em 2014 a relação dentro da equipe mudou completamente e seu sempre protetor, Helmut Marko, parecia ter abandonado-o.

 

A vida vai seguir e seguir em alta velocidade para Sebastian. Um moço de apenas 27 anos ainda tem muitas páginas a escrever em sua vida e nas pistas do mundo pela Fórmula 1. O importante é procurar tomar decisões certas e daí poder mostrar que não é “piloto de um carro só”. O mundo está diante de vc, Sebastian, faça aquilo que você sabe fazer de melhor: acelerar!

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares