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A vida e morte de Helmuth Koinigg PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 25 September 2014 02:49

Estamos a 6 de outubro de 1974, no circuito de Watkins Glen. O Grande Prémio dos Estados Unidos é a última prova do campeonato, e todos estão atentos à batalha pela liderança do campeonato do mundo entre Emerson Fittipaldi e Clay Regazzoni. Ambos estão empatados na liderança, com 52 pontos, embora o brasileiro da McLaren tenha três vitórias, mais duas do que o piloto suíço da Ferrari. Mais distante, no terceiro posto, com 45 pontos – logo, com hipóteses matemáticas – está o Tyrrell do sul-africano Jody Scheckter, com duas vitórias.

 

Emerson estava moralizado, depois da sua vitória na corrida anterior, no circuito canadiano de Mosport, e esperava que as coisas lhe corressem bem em Watkins Glen, Bastava apenas ficar na frente do suíço, e o bicampeonato seria seu. Nos treinos, conseguiu o oitavo tempo, um lugar na frente do piloto suíço, mas Scheckter tinha sido melhor, com o sexto lugar.

 

Contudo, a corrida iria sair bem para o brasileiro. Regazzoni acabaria por ter problemas e cai na classificação geral, enquanto que Scheckter têm um problema no sistema de injeção de combustível e acaba por desistir na volta 46. No final, Emerson termina no quarto posto, atrás dos Brabham de Carlos Reutemann e do seu compatriota José Carlos Pace, e do Hesketh do inglês James Hunt, e comemora o título no pódio, com todos os outros.

 

Contudo, a ensombrar as comemorações de todos estava a noticia de que um piloto tinha sofrido um acidente mortal durante a corrida. Na saída da curva do Pé, o Surtees guiado por um jovem austríaco de 25 anos, de seu nome Helmuth Koinigg, saiu em frente a 130 km/hora, devido a um furo lento e foi em direção dos guard-rails, passando por baixo deles. Koinigg, apenas na sua terceira corrida na sua carreira da Formula 1, teve morte imediata. E os pormenores são horríveis: no impacto, o seu corpo foi mutilado e a sua cabeça arrancada, sendo encontrada alguns metros depois. O acidente, bem como a sua violência, fazem lembrar as circunstâncias do acidente que tinha matado Francois Cevért exatamente um ano antes.

 

Hoje, quarenta anos após as circunstâncias do seu acidente mortal, lembro a sua curta carreira no automobilismo.

 

VIDA E CARREIRA

 

Nascido a 6 de Novembro de 1948 em Viena, Koinigg teve uma infância confortável, e foi um dos muitos que se apaixonaram pelo automobilismo quando Jochen Rindt chegou à Formula 1. Assim sendo, comprou um Mini Cooper S pertencente a outro jovem aspirante ao automobilismo chamado Niki Lauda, mas os seus constantes despistes fizeram com que aparecesse outro problema: dinheiro. Arranjar apoios para continuar a sua carreira era difícil naqueles tempos, logo, tinha de demonstrar resultados para que as oportunidades surgissem. Em 1969, os resultados alcançados nas rampas e pistas do seu país atraíram a atenção de Helmut Marko, que o recomendou em 1970 à equipa McNamara, de Formula Vee.

 

 

Nessa equipa, Koinigg começou a aprender a correr em monolugares, e em 1971 passou para a equipa de Kurt Bergmann. A sua estrela, bem como a sua simpatia, passava a estar em alta na Europa Central (Áustria e Alemanha), e também foi correr em provas de Turismo e Sport-Protótipos, pela Alpina-BMW. Nesse ano, na Formula Vee, graças a um chassis Kaimann, construído artesanalmente numa garagem em Viena, terminou na terceira posição do campeonato, batendo entre outros o alemãoJochen Mass. Em 1972, contudo, a falta de dinheiro para progredir na carreira fez com que ficasse mais um ano na Formula Vee, onde terminou no segundo lugar, atrás do piloto do Lichtenstein, Manfred Schruti.

 

A temporada de 1973 foi o seu melhor. Correndo nos Turismos alemães, ao volante de um Ford Capri, tem a sua primeira incursão nas 24 Horas de Le Mans, no mesmo modelo e inscrito pela Ford Motorwerke. Koinigg corre em conjunto com o escocês Gerry Birrell e o francês Jean Vinatier, mas não chegaram ao fim. E na Formula Vee, finalmente vence o campeonato.

 

 

Com essa questão resolvida, Koinigg resolve concentrar-se nos Sport-Protótipos, mas também espreitando a oportunidade de correr na Formula 1. Participa de novo nas 24 Horas de Le Mans, num Porsche 911 Carrera RSR Turbo da Martini Racing, tendo a seu lado Manfred Schurti, seu rival na formula Vee. Ambos acabam por desistir ao fim de oito horas devido a um incêndio.

 

A ESTREIA E FINAL TRÁGICO NA FORMULA 1

 

A meio dessa temporada de 1974, já com 25 anos e casado com uma hospedeira do ar da Austrian Airlines que conhecera meses antes, juntara dinheiro suficiente para comprar um lugar na Scuderia Finotto, que tinha na sua posse um Brabham BT42. O objetivo? Estrear-se “em casa” na categoria máxima do automobilismo, tal como fizera Rindt dez anos antes, e em 1971 o agora consagrado Niki Lauda. Contudo, a experiência é amarga: com um carro datado e a sua pouca experiência neste tipo de carros fazem com que não consiga a qualificação para a corrida.

 

 

Contudo, Koinigg não desistiu e tentou a sua sorte no final daquela temporada, quando arranjou dinheiro para correr as duas últimas corridas do ano ao serviço da Surtees.

 

Naquela altura, a equipa de John Surtees era uma “zona”. Tinha começado o ano com Pace e o alemão Jochen Mass, mas a desorganização era a palavra de ordem. Pace, cansado, saira dali a meio do ano para rumar à Brabham, e depois foi Mass, que decidiu ir para a McLaren. O caos era a palavra de ordem naquela equipa, e tinham passado pilotos como o britânico Derek Bell, o francês Jean-Pierre Jabouille e o seu compatriota Dieter Quester, Koinigg era um piloto conveniente. Em Mosport, as coisas correram bem para ele, onde conseguiu qualificar-se na 22ª posição (penúltima fila da grelha) e fez uma corrida sem sobressaltos, terminando-a na 10ª posição.

 

 

Este resultado deixou Koinigg otimista. Ele esperava melhorar as suas performances na corrida seguinte, em Watkins Glen. Agora com um lugar garantido na equipa oficial, esperava que, caso fizesse melhor resultado, as prespetivas de uma temporada completa em 1975 poderiam abrir, e acabasse seguindo o mesmo rumo do seu compatriota Lauda. Numa grelha onde se qualificavam 26 pilotos, Koinigg conseguiu o 23º lugar, melhor ainda do que o seu companheiro, o francês José Dolhem (meio-irmão de Didier Pironi). Na corrida, esperava repetir o mesmo resultado do que em Mosport. Mas, infelizmente, as coisas não acabaram assim...

 

Saudações D’além Mar,

 

Paulo Alexandre Teixeira