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Quando há intenção, não é acidente! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 06 September 2014 21:26

Quando escrevi a coluna do mês de abril deste ano (leia aquiLogicamente isso não faz de mim um vidente ou um oráculo (melhor seria prever os números da mega sena), mas uma coisa é uma disputa dura, porém correta como os pilotos da Mercedes protagonizaram na corrida do Bahrein. Só que, depois da “escapada de pista” do ‘Paquito’ após fazer sua volta rápida no GP de Mônaco, a coisa saiu do campo desportivo e virou guerra.

 

No Canadá, logo após a largada, o ‘Paquito’ jogou o carro em cima do ‘Neguin’, que para evitar a colisão, acabou perdendo a segunda colocação para o ‘Darth’ Vettel. Correu como um louco atrás do prejuízo e acabou pagando mais caro pelo problema nos freios.

 

O stress interno diminuiu por fatores alheios à disputa nas etapas seguintes, mas o GP da Hungria foi um balde de gasolina na fogueira prateada, com o ‘Neguin’ ignorando as ordens de boxes para deixar o ‘Paquito’ passar e lutar pela vitória. Atire a primeira porca de roda aquele que achar que o inglês agiu errado! Qual piloto do mundo, lutando pelo título, faria isso? Deixar o adversário passar.

 

O que se viu na corrida seguinte foi um acidente evidentemente provocado e uma atitude de bananas da direção de prova, que nos últimos anos vem punindo atitudes como aquela e que não tomou nenhuma atitude. Logicamente o pessoal da Mercedes correu na torre para jogar panos quentes e evitar um desastre maior, que seria ter seus dois carros longe da vitória. Conseguiram “poupar” o ‘Paquito’, que reduziu o prejuízo com o segundo lugar.

 

Independente de ser uma disputa interna, faltou critério na direção de prova. Rosberg deveria ter sido punido.

 

Disputas acirradas é tudo o que nós, espectadores, queremos ver em todas as corridas e acidentes podem acontecer. O inadmissível é o “acidente que não é acidente” e a atitude – ou falta dela – da direção de prova e dos comissários desportivos. Se bem que, existe um histórico de pilotos que provocaram acidentes para se beneficiar com a saída do seu carro e a do seu adversário em corridas, não apenas na F1.

 

Três dos pilotos mais celebrados da história da F1 foram protagonistas de momentos deploráveis para o esporte, deixando de lado a ética e até mesmo o bom senso, colocando sua vida e a vida do seu adversário em risco provocando um acidente que o beneficiasse para a conquista de um título.

 

Logicamente que todos nós brasileiros lembramos – com raiva – do que aconteceu no GP do Japão, em Suzuka, quando aquele anão de nariz torto (Alain Prost) tomou a curva uns 10 metros antes da mesma quando viu que iria perder a posição para Ayrton Senna.

 

Dois casos de atitudes erradas dos comissários e diretor de prova em anos seguidos no GP do Japão. 

 

Neste caso, além da pilantragem, o francês contou com a “pilantragem oficial”, patrocinada pelo então presidente da FIA, o já defenestrado Jean-Marie Ballestre, que foi pessoalmente à torre de torre de controle pressionar o diretor de prova e os comissários técnicos para que o brasileiro fosse desclassificado, fato que aconteceu e deu o título ao seu compatriota.

 

De certa forma, uns mais outros menos, o que aconteceu na corrida do ano seguinte foi visto mais como um “troco” do que qualquer outra coisa, mas esportivamente falando, nada justifica você jogar deu carro há mais de 220 Km/h em cima de um adversário como fez Ayrton Senna.

 

Idolatrado e quase imaculado por uma grande parte dos que ainda assistem corridas de F1, o finado tricampeão foi vítima, sim, em 1989, mas não era nenhum santo dentro das pistas. Um dos episódios que provocou o desgaste da sua relação com Alain Prost foi a espremida no muro que o brasileiro deu no francês no início do GP de Portugal de 1988.

 

O moço "religioso e temente a Deus" era capaz de atitudes nada corretas, como a espremida no Prost em 1988.  

 

Alguns pilotos parecem não ter a noção – ou a perdem momentaneamente – das implicações que suas atitudes na pista podem provocar. Ayrton Senna, que disse ter visto o rosto de Deus quando contornou pela última vez a curva que levava à bandeirada no GP do Japão de 1988, quase “apresentou” seu adversário dos tempos de F3 na Inglaterra ao todo poderoso.

 

Na iminência de deixar escapar o título da temporada, ante aos acidentes nos quais se envolveu em três corridas seguidas, mesmo tendo vencido 12 das 20 corridas da temporada, via a regularidade e a velocidade do inglês (que venceu 6 corridas na temporada e foi segundo em 10) mantê-lo vivo na disputa. Quando viu que a regularidade do inglês estava se tornando uma ameaça real (quando Senna se acidentava, Brundle vencia), na corrida de Oulton Park, em uma “manobra” impossível, por centímetros não degolou o adversário.

 

Vendo a vantagem sobre o adversário esvair-se, Ayrton Senna desafiou as leis da física e quase degolou Martin Brundle.

 

Contudo, ninguém supera o ‘Dick Vigarista’ – Michael Schumacher – em matéria de anti-desportividade. Se bem que ele foi o único dos pilotos aqui mencionados que foi exemplarmente punido... embora que tardiamente diante de um histórico de atitudes deploráveis.

 

A maioria das pessoas que acompanhou automobilismo nos últimos 20 anos ainda lembram da imagem em que o alemão, depois de estar liderando tranquilamente o GP da Austrália e conquistando o título, saiu da pista sozinho, raspou no guard rail, voltou para a pista com o carro danificado e os pneus sujos e viu pelo retrovisor toda a vantagem que tinha para o segundo colocado, Damon Hill, desaparecer.

 

Em 1994, Schumacher jogou com todas as armas contra Damon Hill e, no final, provocou o acidente que garantiu o título. 

 

Na iminência da perda da posição e provavelmente ciente de que não teria condições de recuperá-la, o alemão jogou o carro em cima da Williams do inglês e, mesmo quase levando a pior, pois quase capotou, acabou quebrando um dos braços de suspensão do carro #0 e com o abandono duplo, conquistou o seu primeiro título.

 

Quem achava que esta seria uma atitude desesperada do alemão, certamente não conhecia a vida pregressa do ‘queixo de tamanco’. Mika Hakkinen que o diga. Em 1990, o festival de F3 de Macau era disputado em duas baterias. Na primeira, o piloto finlandês, que era o campeão inglês da categoria venceu a prova com quase 3 segundos de vantagem para o segundo colocado, o campeão do certame alemão... Michael Schumacher.

 

Na base do "vigarismo", Schumacher provocou um acidente com Mika Hakkinen e conquistou o torneio de Macau.

 

Na segunda bateria, os dois despacharam a concorrência e, de forma inteligente, Mika Hakkinen mantinha o alemão, que liderava a prova, a curta distância, o que lhe garantiria o título. Ciente disso, na última volta, Schumacher deixou que Hakkinen chegasse bem perto na maior reta do autódromo e, quando este estava no vácuo, ardilosamente o alemão deu uma “cutucada” no freio... o suficiente para provocar a batida de Hakkinen na sua traseira.

 

O finlandês quebrou o bico do carro e o danificou de uma forma que não tinha mais como seguir o alemão, que – mesmo com a asa traseira toda torta – seguiu na pista e recebeu a bandeirada como vencedor da bateria e com sobras para conquistar o festival de Macau.

 

A única vez que o alemão se deu mal foi quando tentou usar do mesmo expediente aplicado contra Damon Hill em cima do canadense Jacques Villeneuve, na última etapa co campeonato de 1997. Além de ter “errado o bote”, atingindo a Williams numa parte do carro que não o danificou, o alemão e sua Ferrari foram parar na caixa de brita. Pior que isso, a FIA julgou a atitude como anti-desportiva e simplesmente cassou todos os pontos do alemão no campeonato.

 

Jerez, 1997. Desta ves Michael Schumacher se deu mal e foi punido exemplarmente.

 

Independente da guerra pelo título deste ano estar entre dois pilotos da mesma equipe, o Sr. Charlie Whiting, os comissários desportivos e o tribunal da FIA não podem continuar com esta postura omissa que vejo até o momento. Depois do que vimos em Spa-Francorchamps, quem garante que os pilotos da Mercedes não irão “até as últimas consequências” para conquistar o título?

 

Um abraço,

 

Mauricio Paiva

 

 

 

Last Updated ( Thursday, 11 January 2018 14:49 )