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Voltando ao Kart PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 26 May 2014 20:16

E aí, gente?

 

Hoje quero tratar de um assunto que vai interessar a muitas pessoas como eu, que foram pilotos e resolveram voltar ao kart pra se divertir: Como voltar?

 

Pra começar, devo dizer algo que talvez pareça óbvio para grande parte de nossos leitores: O kartismo é um esporte dificílimo. O desgaste físico é extremamente elevado, o nível de concentração exigido para ser praticado em alto nível é enorme, o investimento em peças como carburadores, eixos, cubos etc. é considerável... E você precisa se conscientizar de que não é mais aquele moleque de quinze anos! Talvez esta seja a parte mais difícil para burros xucros como nós...

 

Uma grande parte dos ex-pilotos que volta à ativa, digo mais de 70%, sofre com o mesmo problema: Costelas trincadas ou quebradas. A maioria dos meus amigos, mesmo os que tinham um bom preparo físico, teve que ficar de molho em casa após poucas sessões de treinos com aquela sensação de que se for tossir, morre! Antes de sair acelerando o kart, compre um excelente protetor de costelas (hoje existem muitos no mercado), compre um banco adequado ao seu tamanho e faça com calma a posição de banco, prestando atenção principalmente na parte do seu corpo que pega nas laterais. Se necessário, coloque espumas nos lugares mais críticos.

 

Mais uma vez, parece que estou repetindo algo que vocês já ouviram milhares de vezes, mas são poucos os que seguem estes passos da forma correta. Eu mesmo sofri uma trinca na costela quando voltei a pilotar um kart atual... No final de 2011, havia sido convidado pelo Dionisio Pastore para disputar uma prova de karts 4 tempos no Kartódromo de Guaratinguetá e aluguei um kart que ele conseguiu pra mim. A corrida seria no domingo, com treinos no sábado. Pois bem, em kart alugado não se troca o banco... Senti-me confortável e, como estava com um bom protetor de costelas, pensei que não teria problema algum. Acontece que o Kartódromo de “Guará” tem uma curva muito rápida pra direita, quase pé-embaixo, conhecida como Bacião... Ao entrar lá pela vigésima vez, por aí, o kart veio quicando de lado na saída, por estar com a pressão de pneus muito alta, e eu dei uma “costelada” no banco, que não era adequado para o meu corpo. Resultado: Voltei pra casa mais cedo e fiquei de molho por uns 2 meses.

 

No meu caso, o kartismo vintage acabou sendo uma porta de entrada para a minha volta às competições, como já expliquei na coluna anterior. Atualmente, é possível restaurar e competir karts da década de 60 a 1990, deixando-os no mesmo nível de desempenho que apresentavam em sua época, com um acabamento muito melhor do que tinham. Pra falar a verdade, dá até dó de colocá-los na pista... Um kart restaurado e pronto para competir pode custar de R$ 5.000,00 a até R$ 20.000,00, tudo depende de sua raridade e do nível de detalhes e acabamento desejados.

 

Os mais baratos, por incrível que pareça, são os mais rápidos, aqueles fabricados no final da década de 80 até 1990. Isto ocorre porque são os mais fáceis de ser encontrados e restaurados. Hoje a maior parte das competições vintage está concentrada no estado de São Paulo, com grids ao redor de 15 karts. O ambiente amistoso e familiar, o visual retro e a tocada de um kart de época estão entre os seus maiores atrativos, além do menor custo por prova e da menor demanda física das corridas.

 

Tomada de Tempo onboard comigo em Araraquara 2012, de Mini Inter/ PCR: http://vimeo.com/47041797

 

Entre os karts modernos, a gama de opções é enorme: Pode-se competir em karts 4 tempos, que utilizam motores Honda estacionários, em karts com motores Yamaha RD (estas duas categorias ainda muito fortes no interior de São Paulo), em karts 125cc 2 tempos refrigerados à água, nas categorias Rotax Max e DD2 e na categoria KZ, conhecida aqui no Brasil como Shifter (karts com câmbio).

 

Sob o meu ponto de vista, temos duas opções extremamente interessantes aqui em São Paulo: A primeira é a Copa São Paulo Light de Kart, com a organização da RBC Preparações e a segunda é a Rotax Max Challenge, organizada pelo Kartódromo Granja Viana. A atratividade da Copa São Paulo Light de Kart está em seus custos bastante atrativos, pois é possível para os pilotos “Sênior” (a partir dos 25 anos de idade) competir com motores fornecidos pela própria organização, que são muito semelhantes em performance.

 

Nelsinho Stanisci e seu Rotax Max Challenge.

 

Além disso, o desempenho e o ronco dos motores Parilla MY à água são sensacionais. Já no Rotax Max Challenge, o investimento em equipamento é muito maior, porque os motores Rotax Max e DD2 custam caro (até R$ 18.000,00), porém, o custo de manutenção destes motores é baixíssimo e, o mais interessante de tudo: Seus campeões são premiados com uma participação no Campeonato Mundial da categoria. Obviamente, para se competir entre os ponteiros em qualquer destas categorias, deve-se treinar, treinar, treinar e treinar muito!

 

Entre tantas opções para voltar, qual foi a que escolhi? A mais difícil de todas, o kart Shifter... Na verdade, não foi uma escolha racional, mas emocional. Competi na década de 90 e os karts da minha época eram muito mais rápidos do que os atuais, por conta de um peso menor e motores mais fortes, que também duravam no máximo duas horas antes da troca do pistão. Então, quando pensei em voltar, não queria pilotar algo mais lento do que eu já havia experimentado, mas algo mais rápido, desafiador... E eis o Shifter, com seu motor de 45 cavalos, câmbio de 6 velocidades, freio à disco nas 4 rodas, aceleração de 0 a 100km/h em menos de 3 segundos e uma capacidade enorme de moer costelas, pescoço e braços! Ouvi de pilotos experientes que o kart era velocíssimo, arisco e muito cansativo, e pensei comigo mesmo: “É isso que você vai pilotar”.

 

O inglês Ben Cooper, campeão mundial com um Rotax DD2.

 

Uma das coisas que mais impressiona num kart Shifter é o seu preço: um kart completo novo, pronto para ir para a pista, custa entre R$ 25.000,00 e R$ 30.000,00, dependendo do equipamento a ser comprado; um kart semi-novo custará entre R$ 15.000,00 a R$ 20.000,00. Por outro lado, seu custo de manutenção é bem mais baixo do que o dos karts 2 tempos tradicionais. Como referência, posso dizer que comprei o meu kart em setembro de 2013 e desde então comecei a treinar com ele, numa média de uma vez a cada 15 dias, que foi intensificada à medida que a primeira corrida se aproximava. Não precisei trocar peça alguma de câmbio ou motor até abril deste ano!

 

Na questão da pilotagem, posso afirmar que as indicações que recebi estavam realmente corretas... O kart era tudo aquilo que haviam me falado e mais um pouco. A parte mais difícil na pilotagem de um Shifter é manter a constância numa seqüência longa de voltas, pois além da exigência física enorme, tudo acontece numa velocidade acima do normal. Com uma capacidade de frenagem inacreditável, que soma o freio à disco nas quatro rodas ao baixo peso e à capacidade de freio motor, geralmente chega-se no final das maiores retas das nossas pistas em sexta marcha e reduz-se para segunda ou terceira em menos de 1 segundo, num espaço inferior a dez metros. Muitas vezes, é possível sentir a frente do kart raspando no chão... Se você não estiver muito concentrado e bem condicionado fisicamente, certamente irá errar uma ou mais marchas na redução.

 

Denis Dirani, voando sobre as zebras não só na Shifter (como acima), mas também na Sudam.

 

Outra questão é o peso do volante... Nos karts atuais, extremamente rígidos, usa-se muito o caster (o ângulo do eixo vertical de uma roda dianteira medido na direção longitudinal) para ajudar o chassis a “armar”, ou seja, dar aquela erguidinha na roda traseira interna quando viramos para uma curva. Como um kart tem o eixo traseiro rígido, é essa erguidinha de roda que o ajuda a contornar melhor uma curva. Acontece que, quanto mais caster, maior é o peso do volante, o que faz com que pessoas que frequentam academias, mas nunca sentaram num kart, após pouquíssimas voltas já não consigam segurar o volante com firmeza. Somando-se a isto, no Shifter você é obrigado a fazer muitas curvas com uma mão no volante e outra na alavanca de câmbio! Por fim, há outra parte do corpo do piloto que sofre (Acharam o quê? A rapadura é doce, mas não é mole não...) e muito, o pescoço. Na minha primeira corrida de Shifter, no dia 22 de março deste ano, eu simplesmente não conseguia mais segurar a minha cabeça em pé após 10 voltas. Havia uma curva em que entrávamos em terceira e saíamos de quinta pra sexta, com uma baita força lateral... Imaginem o meu sofrimento!

 

Uma voltinha onboard comigo de Shifter em Interlagos: https://www.youtube.com/watch?v=RQ37IJQ6XEI

 

Após tudo o que escrevi, espero que não tenham desanimado... Apesar de tudo isso, saibam: Vale a pena! Não há nada mais prazeroso e desafiador no automobilismo do que pilotar um kart no limite, e não é à toa que os maiores campeões do automobilismo moderno eram apaixonados por estes carrinhos. Portanto, criem coragem, voltem para a academia, preparem o bolso... E divirtam-se!

 

Top Kart Brasil.

 

No dia 03 de maio, o Kartódromo Brasil Kirin Arena, em Itu, recebeu a primeira etapa do Top Kart Brasil. Este evento foi um “aquecimento” para o Campeonato Brasileiro de Kart, que será disputado em suas duas fases neste Kartódromo no próximo mês de julho. O chamado “GP São Paulo”contou com a presença de 163 pilotos (os principais do país), divididos em oito categorias diferentes. Os vencedores foram: Juan Zewing Filho, na Cadete; Caio Collet, na Júnior Menor; Sérgio Crispim, na Júnior; André Nicastro, na Sudam; Guilherme Salas, na Shifter; Cláudio Roda, na Master; Francesco Ventre, na Iame Tag e Pedro Lima, na F4T KTT.

 

O que gostaria de destacar sobre este evento, e é algo que realmente chamou muito a minha atenção, diz respeito à participação de meu amigo Dennis Dirani. Ele e o seu irmão Danilo são duas referências no kartismo nacional, tanto pela competência, como também pela simpatia e caráter, tanto como pilotos quanto como “coaches”. O que o Dennis fez foi incrível: Participou tanto na categoria Shifter como na categoria Sudam, o que significa que chegou a fazer quatro baterias no mesmo dia, sem contar os treinos livres... Ufa, cansa só de escrever! E não pensem que ele simplesmente participou... Ele lutou pela ponta nas duas categorias! No final, terminou na terceira colocação na categoria Sudam, e em quarto na categoria Shifter, apesar de alguns probleminhas no kart.

 

Denis Dirani conseguiu um bom pódio na etapa de ITU.

 

Parabéns, Dennis! O que você fez é pra poucos, muito poucos...

 

Abraços a todos,

 

Rodrigo Bernardes

 

 

 

Last Updated ( Monday, 26 May 2014 21:34 )