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Pilotos de Videogame PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 15 March 2014 23:35

Quantas vezes a gente, vendo corridas em geral e de Fórmula 1 em particular já não falamos que os pilotos de hoje parecem estar mais para jogadores de videogame do que para “ases do volante”?

 

Quando era diretor da Jaguar, o tricampeão Niki Lauda pagou um dos maiores “micos” – se não o maior – de sua vida depois de dizer que os carros de Fórmula 1 daquela época (o ano era 2002) poderiam ser pilotados por macacos.

 

Lauda, que deixara a categoria 17 anos antes, em 1985, colocou o macacão – alguns números maior, para acomodar a barriga já saliente- certamente com alguma dificuldade entrou no carro e foi para a pista.

 

Depois de completar 10 voltas, Lauda conseguiu um tempo 15 segundos (isso mesmo, 15 segundos, mas numa cronometragem “extraoficial”) mais lento que o encrenqueiro irlandês – que nunca foi nenhuma sumidade ao volante – e colecionou rodadas em quase todas as curvas do circuito Ricardo Tormo, em valência, na Espanha, duas delas na “Doohan”, curva que leva o nome do campeão de motociclismo australiano, Michael Doohan.

 

Em 2002, Niki Lauda disse que um macaco pilotaria um F1 moderno foi pra pista... e ficou a 15 segundos do tempo de Eddie Irvine.

 

Com a cara no chão, o tricampeão teve que admitir algo mais do que a sua incapacidade para pilotar aquele carro, mas também declarar que as habilidades dos pilotos da época haviam mudado e que ele queria “entender” como aqueles carros, com toda a eletrônica embarcada, funcionavam.

 

Talvez se colocássemos um piloto que deixou as pistas 10 ou 12 anos atrás ele também sentisse um impacto semelhante aos sofrido por Niki Lauda nem Valência. Na verdade, nem precisamos ir tão longe: Michael Schumacher, com seu heptacampeonato no currículo, sofreu nas mãos do ‘Paquito’ Rosberg em seus três anos de Mercedes tendo ele ficado “apenas” três anos afastado da categoria.

 

Mas o que foi noticiado no último mês pela Red Bull pode vir a ser um marco histórico e o início de um processo destrutivo para o que se convencionou chamar de “categoria escola” como o kart e – com todo respeito – fazendo nosso companheiro, Dionísio Pastore, arrancar os cabelos no kartódromo de São Pedro.

 

Este é Jann Mardenborough, destaque do programa de pilotos de simuladores e que estará na GP3 este ano, com apoio da Red Bull.

 

Os austríacos trouxeram para fazer parte de seu programa de jovens pilotos um inglês de 22 anos chamado Jann Mardenborough. Aos 22 anos, Jann fez sua estreia em monopostos no ano passado na F3 Europeia, competindo pela Carlin, depois de disputar o campeonato britânico de GT em 2012, quando brigou pelo título até as etapas finais.

 

O que faz de Jann Mardenborough um piloto diferente dos outros é que ele, em 2011, conquistou o “GT Academy”. Um campeonato de automobilismo virtual que utiliza uma programa desenvolvido em uma parceria entre a Nissan e a Sony, criadora do jogo de videogame ‘Gran Turismo’, do Playstation.

 

Caso ele venha a ter êxito no campeonato de GP3, onde será piloto da Arden, equipe do diretor técnico da Red Bull, Christian Horner, por onde Daniel Kvyat conquistou o título da categoria e saltou da GP3 diretamente para a Fórmula 1, na Toro Rosso, isso pode causar uma revolução no meio do automobilismo e eu não consigo não ser “purista”. Daqui há pouco, vai ter gente – se tiver dinheiro – saindo do simulador direto para um Fórmula 1!

 

Devidamente vestidos de macacão (porque não de capacete, cinto de 5 pontos, etc) nos simuladores do programa da Nissan.

 

Daí vem um cartola, o gerente de desenvolvimento de pilotos da Red Bull, um tal de Andy Damerum, que nunca pilotou porcaria nenhuma na vida, elogiar a empresa em que trabalha por “inovar”, como sempre, na busca de novos talentos, elogiando a Nissan e o Playstation terem criado esta “opção”, um caminho diferente para ajudar a encontrar pilotos muito talentosos e que têm uma grande habilidade em jogos. Ou seja: na cabeça desse cidadão, um carro de corrida e um simulador são exatamente a mesma coisa.

 

E você leitor, que tenha “idade compatível” e não tenha um “panceps” como o meu, que não cabe em um cockpit de um monoposto, pode sonhar em ser “um novo Jann Mardenborough”: Para dar os “primeiros passos”, como um dia o inglês fez, você pode fazer o download da disputa na PlayStationStore, onde passará por uma série de provas online contra o relógio usando apenas os carros pré-selecionados, como Nissan GT-R e Nissan 370Z. Os melhores são selecionados para uma final nacional, disputada ainda no mundo virtual. E a partir de 2014, os brasileiros também poderão fazer deste novo “caminho de acesso” ao automobilismo.

 

Andy Damerun explica o que para Jann  Mardenborough? Técnicas de pilotagem? Este ano, na GP3, veremos se foi uma aposta certa.

 

A coisa é tão séria que os jogadores que mais se destacarem nessas finais nacionais são convidados para uma corrida real em Silverstone, onde passarão por testes de força, resistência, agilidade e pilotagem. Um “programa” que começou na Europa e que foi se expandindo desde o início da década, chegando em 2014 a 30 países, incluindo o Brasil.

 

E Jann Mardenborough não é o primeiro desses “pilotos de videogame” a sair do mundo virtual para o mundo real: o espanhol Lucas Ordoñes foi o primeiro a se destacar como um piloto saído da “Academia Virtual”, conquistando grandes resultados nas corridas de longa duração como protótipos, inclusive participando das 24 horas de Le Mans.

 

Não é apenas Jann que já saiu dos consoles para as pistas. No ano passado, Lucas Ordoñes (1º Plano) disputou as 24 Hs de Le Mans na P2. 

 

Está tudo muito bom, está tudo muito bem. Sem querer rogar praga para nenhum desses meninos que estão tomando esta direção, eu quero ver o que essa “cartolada” vai dizer quando – e se – um deles entrar de cara num muro e morrer.

 

Na vida real, não tem a opção “restart” e/ou “reload” (tô ficando bom nesse negócio de inglês...)!

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

 

 

Last Updated ( Sunday, 16 March 2014 00:08 )