Olá leitores! O grande assunto do esporte a motor dos últimos dias foram os testes coletivos da Fórmula 1 no travado circuito de Jerez de la Frontera (aquele mesmo em que Senna e Mansell protagonizaram uma chegada épica e onde o Martin Donnelly renasceu após o terrível acidente onde o cockpit do carro se partiu feito túnel de Gol quadrado e o corpo dele ficou largado no meio da pista preso ao assento) e a apresentação de alguns carros que ainda não tinham aparecido. Desde já digo que me arrependo de em algum momento ter chamado aqueles carros de F-1 com um degrau no bico de feios, os atuais estão de lascar. O ponto positivo é que alternativas diferentes estão sendo tentadas, não ficou mais aquele negócio de um carro ter aparência tão parecida com o outro que se mudasse a pintura seria quase impossível dizer quem era quem. Agora não, existem alguns designs bem característicos, como o bico “tomada” da Lotus e o bico “vassoura” da Caterham. Pessoalmente não achei o da Caterham tão estranho assim, ele me lembra um pouco a solução empregada nas Ferrari 312 T4 (campeã de 1979) e T5 (um dos maiores fracassos da escuderia). Vamos ver se ele estará mais para T4 ou T5... Quanto aos resultados apresentados, acho difícil de avaliar alguma coisa. Já cansei de ver equipe ir muito mal nos testes de inverno (europeu) e ir muito bem durante a temporada, e também o inverso. Por muitos anos a Ferrari sempre foi a “campeã” dos testes de inverno, aí chegava durante a temporada os carros andavam para trás. Outra que frequentemente se apresentava muito bem nesses testes era a Tyrrell, aí durante a temporada suavam para conseguir marcar um pontinho que fosse. Assim sendo, devemos ver com muito cuidado essas aparições de equipes pequenas e médias nesses testes. Por exemplo, alguém acredita nesse 6º tempo marcado pelo Bianchi dia 31 com a Marussia? Com quanto combustível ele saiu dos boxes? E o tempo mais rápido marcado pelo Massa de Williams? E os carros de outras equipes? Nem vou citar o velho expediente do carro com peso abaixo do permitido pelo regulamento, tão usados nos testes de inverno do passado... vamos devagar com as análises, muito mais importante que as voltas rápidas nesses testes é o número de voltas dadas pelos carros. Afinal, lembremos que – exceto Mônaco – a distância da corrida é definida por 300 km arredondados (por causa dos diferentes comprimentos das pistas) mais uma volta. E só ganha a corrida quem tiver a capacidade de terminar a mesma. Nesse quesito confiabilidade, a princípio as equipes com motores Mercedes e Ferrari devem ter vantagem inicial, já que os Renault andaram apresentando falhas. Evidentemente o staff técnico dos franceses é muito competente e até o início da temporada deverão, se não solucionar completamente, ao menos minimizar esses problemas de confiabilidade. A guerra psicológica já começou, claro, com o Massa afirmando que ele ficaria preocupado se estivesse no lugar da Red Bull, equipe que andou muito pouco por causa de falhas na motorização. Lamentavelmente, creio que nosso único representante na categoria foi atacado pela “Rubinhite mallignus”, doença que se caracteriza por profunda incontinência verbal e que faz a língua ser mais rápida que o pé direito. Torço para que ele se recupere logo dessa enfermidade, e que volte a fazer o que sabe fazer de melhor – acelerar. Por falar em enfermidade, após um mês em coma induzido os médicos do hospital universitário de Grenoble começaram a reduzir a medicação usada para a indução do coma do Michael Schumacher. Tenho amigos da área de biomédicas, inclusive conheço gente com pós graduação na área de neurologia, e não estou muito otimista não. A torcida, evidentemente, é para uma recuperação longa mas completa, e sempre devemos lembrar que o organismo dos atletas reage melhor às enfermidades que o organismo de nós, seres sedentários, mas acho que devemos nos preparar para o pior. Já me darei por feliz se ele conseguir acordar e puder reconhecer as pessoas à sua volta. Para encerrar essa coluna, tivemos também a noticia da aposentadoria do Ross Brawn. Nada mais justo, merecidíssimo, o homem que gerenciou a estrutura de F-1 da Ferrari na quebra do jejum de 21 anos sem título de pilotos pela equipe, posteriormente foi campeão com sua própria equipe, merece todas as homenagens possíveis, agora achou que era o momento de comprar um barco e os apetrechos de pesca e ir aproveitar a vida, maravilhoso. Aí vem o chefe do departamento comercial da Mercedes F1 e declara que vão adotar um modelo de “gestão descentralizada” na equipe e que a posição de “chefe de equipe” não existe mais no mundo moderno. Minha leitura da coisa é que os alemães estão tentando homenagear a Scuderia Ferrari e adotar uma velha postura da equipe italiana, existente até mais ou menos metade da década de 1990, o famoso “muito cacique para pouco índio”. Espero que a coisa funcione e que eu esteja redondamente errado. Até a próxima! Alexandre Bianchini |