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O kart na contramão PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 26 December 2013 00:33

Breve história do kart III

 

Na década de 1960, quando o kart era um esporte restrito a poucos, praticado por no máximo 300 pessoas em todo Brasil, se corria na rua e em pátios de estacionamentos. Nos anos 70, tínhamos dois únicos fabricantes de karts, e poucos kartódromos pelo Brasil. Já nessa época, começou a se ouvir cada vez mais alto de que o kart era um “degrau” pra se chegar não sei aonde. Para alguns o degrau que o levaria ao outro lado do muro de Interlagos, para outros o primeiro degrau para se chegar na utópica carreira na F1. Isso sempre soou desafinado nos meus ouvidos.

 

Eu que sempre fui um apaixonado pelo kart, comecei a ver que o compromisso com o esporte era de apenas alguns. E que carreira de piloto profissional era uma ilusão. Via a alegria descartável dos domingueiros, notei que o kart era terapia para alguns endinheirados e que para outros era artigo de consumo elitizado que dava status aos seus praticantes. Eu tinha amigos muito próximos que queriam ser Jim Clark, e esses viam o kart apenas como mais um degrau a ser pisado e escalado.

 

Durante o período em que tivemos Emerson, Nelson e Ayrton o degrau ficou mais cheio de gente e mais disputado. A fantástica carreira do Ayrton na F1, promoveu um “boom” no kart brasileiro, com grids enormes e uma inflação galopante nos valores das peças, equipamentos e serviços.

 

Waltinho Travaglini e os pilotos que andaram nos anos 60 competiram diversas vezes em pistas improvisadas.

 

Grandes pilotos foram formados nesse tempo, mas que não chegaram ao seu objetivo original por razões óbvias. Era muita gente de qualidade no mundo inteiro disputando a faca uma vaguinha numa equipe em categoria de acesso na Europa ou na América. Hoje, o kart no Brasil tem um perfil bastante diferente.

 

O kart formou grandes campeões mundiais, como Ayrton Senna e Emerson Fittipaldi.

 

Existe kartódromo em todos os estados brasileiros, só em SP são mais de 20. O universo de pilotos, filiados ou não, somam algo em torno de 2.000 kartistas que competem regularmente dos diversos campeonatos regionais e as marcas de karts disponíveis são mais de 10 com 19 modelos no mercado!

 

Existe gente que diz que o kart brasileiro vai mal...

 

O Super Kart Brasil é uma iniciativa privada de grande sucesso, que mostra a força do kartismo no Brasil.

 

E o kart continua sendo encarado como degrau por muitos dos praticantes. Jovens pilotos Mirins e Cadetes, de 6 a 10 aninhos, tem “Plano de Carreira”, isso é espantoso! É temerário!

 

Viram objetos a serem vendidos a eventuais patrocinadores, que nunca aparecem. E vem gerar no menino uma pressão e uma expectativa muito negativa: a obrigação de dar certo e em muitos casos abandona os estudos pelo argumento de se dedicar exclusivamente ao esporte. Ai se a coisa não der certo, volta da aventura sem profissão e sem formação acadêmica.

 

O kartismo é um esporte saudável, onde meninos ainda na infância, entre 6 e 10 anos, podem se desenvolver como atletas.

 

O ideal é que o menino corra e estude. Sempre... até se formar alguém na vida real. O piloto e o pai que encara o kart como um degrau, maltrata o nosso esporte, por tirar das competições o piloto em sua melhor fase, e a si próprio com stress e pressão. Os kartistas mais felizes são aqueles que não sofrem pressão, e acabam por terem melhores resultados, dentro e fora da pista.

 

Cena da Granja Viana, onde kartistas amadores alugam a pista e disputam provas. 

 

MALDITO KART INDOOR

 

Lá nos anos 80 uma iniciativa sem muita pretensão, evoluiu para ser algo revolucionário: O famigerado Kart Indoor. Ideia inocente que no meu modo de ver é a maior praga, um tumor maligno no kart brasileiro.

 

Uma maravilha para quem quer andar de kart sem compromisso, e quase de graça. Hoje é a maior fonte de renda de todos os kartódromos brasileiros. Porém, a ganância e a falta de compromisso com o esporte dos donos de pistas tem prejudicado demais o kart de competição.

 

Por que deixar os karts particulares andarem a R$ 50,00 ou R$ 100,00 de taxa de treino por período se eles podem faturar até R$ 2.500,00 por uma bateria de 20 minutos? Mas que mal tem? Não temos mais treino! Nós, os kartistas, estamos perdendo nosso espaço no nosso ambiente natural que são os kartódromos!

 

No começo de Dezembro foi realizada as 6 Horas de Kart da Aldeia da Serra. Prova tradicional do calendário paulistano. Ao custo de R$ 4.000,00 de inscrição por kart, tivemos apenas uma hora de treino no sábado, e míseros 30 minutos na sexta-feira.

 

Ah, quando chegam 4 “gatos pingados” para alugar aquelas “ratoeiras”, o treino para! E ficamos assistindo aquele show de horror, com rodadas ridículas e kart cortando grama.

 

Enquanto os kartistas não podem ocupar a pista, são testemunhas de verdadeiros shows de horror, com karts "aparando grama".

 

Na Granja a prova mensal, proporciona treinos de 50 minutos na quinta e na sexta para cada categoria, e no sábado não tem nem warm-up... você vai direto pra classificação! A inscrição beira os R$ 800,00, mais R$ 200,00 por dia de treino. A primeira classificação acontece no sábado às 7:00 da manhã, e lá tem serração e pista ainda molhada pelo sereno da madrugada. Uma beleza...

 

Eles espremem um evento que trás 200 pilotos e umas 1500 pessoas entre mecânicos, chefes de equipes e familiares em um único dia, lota estacionamento, lota restaurante, lota boxes, tem que vir carro de limpa-fossa, pois os banheiros param de funcionar e o cheiro... é o que vocês imaginam. Tudo isso para que o dia mais nobre, o domingo fique livre para as maravilhosas ratoeiras de locação e seus “pilotos de F1”.

 

No interior não é diferente. Reclamações acontecem em todas as pistas que conheço. E essa insatisfação esta afastando gente das pistas, de competição. Sou amigo de alguns e conheço vários donos de kartódromos. O que não muda a minha opinião e minha crítica.

 

Ai alguém me falou: A pista é deles! Eles fazem o que eles querem! Realmente... Ai teria que entrar a CBA, órgão oficial que regulamenta, disciplina o esporte e homologa as pistas para funcionarem regularmente. Como? O que a CBA teria que fazer? Determinar um tempo mínimo para a prática do kart de verdade durante a semana e no fim de semana, e estabelecer penalidade para quem não cumprir o combinado.

 

A CBA deveria determinar um limite para o uso de uma pista homologada também para kart de locação.

 

Não aprendem nada de mecânica e acerto de equipamento, não migram para o kart de competição. Porém formou excelentes pilotos nos últimos anos como, Mauricio Pereira, Peterson Nakamura, Fabio Konrad, Haron Passareli e Bruno Moritz.

 

Com karts desequilibrados e inconstantes desenvolvem estilo particular de pilotagem. Pilotos graduados de competição tem muita dificuldade pra guiar as “ratoeiras”. Coisa que eles fazem com desenvoltura.

 

Eu achava que o Indoor poderia ser uma alavanca para o kart de competição. É nada!!! O perfil do piloto de indoor é do sujeito que não quer gastar com kart, mas gasta na indumentária, que compra capacete importado, manda pintar nos melhores artistas do mercado, sapatilha e macacão de grife e corre no melhor kartódromo a preço de banana. Se veste de piloto e reúne os amigos e vão correr no kartódromo. Não gastam um tostão com kart.

 

Quando surgiu, o kart indoor era realmente indoor, com pistas montadas em galpões e estacionamentos.

 

Ocorre que esse universo de amadores hoje chega a próximos 100.000 cadastrados nas diversas pistas brasileiras, e geram uma renda monstro para os kartódromos que jamais poderia se imaginar lá na década de 1980. Isso e esta enchendo os bolsos dos donos de pistas e nos afastando delas. Chega com sua malinha gasta uma merreca e vai embora. Se os indoor fossem realmente “indoor” em algum galpão por ai as pistas seriam mais valorizadas e estariam livres, para nós, Kartistas!

 

Até os fabricantes também se beneficiam desse mal. Eles fabricam as “ratoeiras”, tanques de guerra que são o oposto da sofisticação do kart contemporâneo, verdadeiras obras de arte.

 

As fábricas de kart veem o mercado "indoor" como um meio de aumentar seus lucros, desenvolvendo modelos de kart indoor.

 

Se a CBA estivesse interessada em promover o kart que é a verdadeira escola de nossos pilotos, algo eles fariam. Mas nada fazem. Muitas coisas absurdas eu vejo sendo cobradas da CBA, coisas que não são da sua alçada. Isso sim é de responsabilidade deles e influencia diretamente a formação de base do nosso esporte.

 

O fato é que estamos vivendo um momento histórico muito triste, nunca vimos um povo tão submisso e conformado com os desmandos e com as barbaridades praticadas pelos políticos e governantes. Parece que o conformismo é contagioso e está adoecendo nossos dirigentes.

 

Os kartistas são verdadeiras freiras, que aceita, com resignação e conformismo a situação.

 

Kart indoor não ensina ninguém! Porém é sabido que dono de kartódromo é candidato a presidente da CBA. Pode ser que em breve tenhamos que andar no estacionamento do shopping... Como era na década de 60.

 

Destaques do Mês.

 

Yurick Carvalho venceu o campeonato brasileiro na categoria graduados. Uma vitória com uma dificuldade extra: ele competiu com o pé quebrado.

 

 

Rogerio Raucci: amor e dedicação ao esporte.

 

Gaetano Di Mauro sagrou-se bicampeão brasileiro na categoria Shiffter e comemorou ao lado do seu pai, Fran. Segundo seu chefe de equipe, Luiz S. F. dos Santos, o Zé Bolão, “Ele é diferente, é um menino especial”.

 

Um abraço,

 

Dionísio Pastore

 

Last Updated ( Friday, 27 December 2013 11:43 )