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Conscientizar é preciso PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 19 November 2013 20:52

Olá pessoal que acompanha o site dos Nobres do Grid,

 

Nesta quarta-feira, dia que é publicada a minha coluna, vai coincidir com o dia da consciência negra no Brasil. Como provavelmente a maioria das pessoas passam desapercebidas pelo porque da data, muito mais preocupadas em saber, discutir e até reclamar se vai ou não ser feriado, gostaria de falar sobre isso esta semana.

 

O dia 20 de Novembro foi escolhido para ser o dia da consciência negra como homenagem a Zumbi dos Palmares, que morreu neste dia, em 1695, lutando pela liberdade do seu povo no Brasil, que veio trazido para ser escravizado. Líder do Quilombo (nome do agrupamento de negros que fugitivos se uniam para formar uma comunidade capaz de lutar contra as doutrinas escravistas e também de conservar elementos da cultura africana no Brasil) dos Palmares (hoje uma cidade no interior do estado de Alagoas), Zumbi foi um personagem que dedicou a sua vida lutando contra a escravatura no período do Brasil Colonial, onde os escravos começaram a ser introduzidos por volta de 1594.

 

Em 2003, no dia 9 de Janeiro, através da lei 10.639, o governo federal incluiu o Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar. A mesma lei torna obrigatória o ensino sobre diversas áreas da História e cultura Afro-Brasileira, abordando temas como a luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira, o negro na sociedade nacional, inserção do negro no mercado de trabalho, discriminação e a  identificação de etnias.

 

Para quem pensa que isso é “coisa de governo populista”, nos Estados Unidos e no Canadá existe o “Black History Month” (Mês da História Negra), que é celebrado todos os anos em Fevereiro. Em inglês, a tradução literal de Dia da Consciência Negra seria “Black Awareness Day”.

 

Algumas pessoas certamente não gostam de falar sobre este assunto e eu, que sou negra, particularmente não gosto de como muitas vezes o assunto da consciência negra é abordado no Brasil. Na verdade, sinto-me mais discriminada do que protegida e inserida.

 

Porque? Analise o amigo leitor que você é olhado de forma diferente, que tem um espaço reservado, cativo e exclusivo para você em uma “sociedade plural” como a nossa... esta é a forma como me sinto: segregada! Mas será que não há mais benefícios do que “malefícios” por este “esforço oficial” de inserir a população negra do país, dar melhor condições para que ela melhore de vida?

 

O grande problema do país é social-econômico, não puramente étnico-racial. Dar condições para que as populações mais carentes tenha acesso a saúde, educação, emprego, formação profissional transcende a quantidade de melanina que a pessoa tenha em seus genes. Quem é, neste nosso país, mais discriminado que o brasileiro nativo: os povos indígenas? E o dia do Índio, 19 de abril, é sequer mencionado na mídia, nos telejornais, nos portais da internet?

 

Se for para diminuir as desigualdades, o foco social deveria ser o abordado. Nisso, automaticamente, os negros e pardos seriam inseridos como beneficiários, uma vez que a grande maioria dos menos favorecidos, são negros e pardos.

 

Agora imaginem que houvesse cotas para tudo, que 20% dos pilotos brasileiros, nas categorias do nosso automobilismo tivessem que ser negros. Seria possível viabilizar isso? Com o modelo vigente, onde os pilotos de kart, além de ter que contar com “paitrocínios”, precisam investir, por anos, mais de 200 mil reais para serem realmente competitivos. Que precisam de meio milhão de reais para correr um Brasileiro de Marcas ou um Brasileiro de Turismo e de mais de um milhão para correr na Stock Car, seria inviável termos um novo Benedicto Lopes, vindo das classes sociais mais baixas.

 

Ah, mas o automobilismo é um “esporte de elite”, um “esporte caro”... e,  por isso, seria obrigatoriamente inacessível às faixas mais carentes da sociedade? Se assim o for, para nós que somos amantes do automobilismo e que por ventura tenham uma mentalidade suficientemente aberta para que a inserção social, a socialização dos mecanismos de crescimento social permita que mais pessoas possam praticar o automobilismo. Como disse nosso querido Alex Dias Ribeiro, se aumentarmos a base, poderemos ter mais possibilidades de ter mais grandes pilotos... quem sabe um negro, quem sabe um índio.

 

Em 2011, a presidente Dilma Roussef sancionou a lei 12.519/2011, lei que criou a data, mas que não obriga que ela seja feriado. Isso significa que ser feriado ou não vai sempre variar de cidade para cidade. O Dia da Consciência Negra é feriado em mais de 800 cidades brasileiras. Eu preferia que não fosse feriado... é mais uma forma de segregação, porque de feriado para conscientizar, vai ser uma minoria que vai parar para pensar ou fazer algo em relação à data.

 

Até a semana que vem e muito axé pra todo mundo,

 

Maria da Graça 

 

 

 

Last Updated ( Tuesday, 19 November 2013 23:19 )