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Política é tudo igual! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 11 October 2013 08:03

Caros amigos, nesta última semana vimos – fora do automobilismo – dois “movimentos” políticos que acabaram por me inspirar para a coluna desta semana. A estranha não aceitação de quase 100 mil assinaturas para a criação do partido de Marina Silva (assim mesmo, porque partido político no Brasil não tem ideologia, tem dono) e a posterior filiação dela ao partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos que frustrou milhares – talvez milhões – de seguidores da ex-senadora.

 

As eleições no Brasil serão apenas no final do próximo ano, mas nesta reta final de 2013/início de 2014 teremos uma outra eleição que – para nós que seguimos o automobilismo de perto – tem uma enorme importância: a eleição do presidente da Federação Internacional de Automobilismo – FIA.

 

Como funciona a FIA e qual é o seu papel? Durante muito tempo, a FIA foi um ‘reduto de nobres’. Nobres mesmo! Antes do polêmico e pouco afável Jean-Marie Ballestre, o presidente da Federação Internacional de Automobilismo era o Príncipe Paul Alfons Von Metternich-Winneburg Paul Alfons Von Metternich-Winneburg, de origem Germano-austríaco, que ficou no cargo de 1971 à 1985, quando Jean-Marie Balestre foi eleito quando já era presidente da FISA (Federação Internacional de ‘Sports’ Automobilisticos), que foi “absorvida pela FIA”, durante sua gestão.

 

Quedas de braço entre Bernie Ecclestone e a autoridade automobilística não são novas. Os mais novos não devem lembrar, mas em 1982, um embate entre a FOCA (associação dos construtores), comandada por Ecclestone, e a FISA (presidida por Balestre) no final de semana do GP de San Marino, em Ímola, quando havia aquela confusão sobre a legalidade de carros aspirados que usavam uma brecha no regulamento para ficarem mais leves marcou época.

 

Depois que deixou de ser dono de equipe e passou a ser o “manda-chuva” da categoria, o bom velhinho e sua FOM (Formula One Management) passou a cuspir no prato onde tanto comeu, assumindo diversas posições contrárias aos pleitos das equipes, especialmente às ligadas com montadoras como Ferrari e Mercedes, além da sempre forte McLaren.

 

O francês Jean Todt foi eleito à contragosto do nosso querido bom velhinho. Quando o “amigo que virou ex-amigo”, Max Mosley, foi praticamente forçado a se afastar da entidade e do cenário automobilístico mundial por conta de um escândalo sexual (para quem não lembra, na época foram publicadas fotos dele com um grupo de prostitutas vestidas de nazistas) acabou abrindo para uma candidatura que ia de encontro àquilo que se via no cenário do automobilismo de competição: a Fórmula 1 reinante e soberana, com as demais categorias em um papel de importância muito pequena.

 

Quando foi para a Ferrari, no início dos anos 90, Jean Todt deu início a todo um processo de reestruturação da equipe e – posteriormente – da divisão de competições que desencadeou o maior período de dominação de uma equipe sobre as demais ao longo destas mais de seis décadas de Fórmula 1. O reconhecimento do trabalho desenvolvido por Jean Todt foi tamanho que ele chegou a um cargo de alta chefia dentro da estrutura da Ferrari.

 

Foi com este “currículo” que, apoiado pela montadora italiana – que tratou de montar o ‘lobby – Todt saiu candidato nas eleições passadas e venceu, sem opositores – ao menos declarados – ao seu nome. Bem, um “opositor” todos sabiam que era Bernie Ecclestone, mas este mostrou-se, inicialmente, mas um “observador atento” da gestão de Jean Todt – para descobrir seus “pontos fracos”, o típico comportamento das corporações empresariais.

 

Ao contrário do que havia nos tempos de Max Mosley, Jean Todt não deixou em segundo plano as demais categorias do automobilismo mundial. Ele, que foi navegador de Rally por muitos anos, buscou meios e parceiros para que os campeonatos mundiais de outras categorias se fortalecessem. Criou condições para o renascimento do Campeonato Mundial de Endurance – WEC – e procurou criar um vínculo com o Comitê Olímpico Internacional, tendo conseguido este ano fazer com que a FIA passasse a fazer parte do COI. Um trabalho que teve início em 2010. Além disso, a FIA faz na gestão de Todt uma forte campanha mundial pela segurança no trânsito e nas estradas.

 

Se o baixinho é tão bom como gestor, porque não deixá-lo lá? A resposta para esta pergunta é ao mesmo tempo, óbvia e complexa. Quanto melhor e mais Todt fizer pelo esporte a motor, mais forte ele ficará e o então homem forte, o bom velhinho, perderá mais e mais influência e poder. Para ele, é melhor ter alguém na FIA que não tenha a imagem de um Jean Todt e que possa ser melhor “manobrado” do que o amigo Max.

 

Quem, antes do próprio anunciar-se candidato à eleição para a presidência da FIA já tinha ouvido falar em David Ward? Eu não tinha a menor ideia de quem era este ingês... mas nada que uma pequena pesquisa não resolva – e entregue a folha corrida de quem quer que seja neste mundo altamente conectado.

 

Dentro da estrutura da FIA, mas com independência e autonomia, existe uma fundação e David é seu presidente, um cargo com nomeação de seu ‘padrinho’, o ex-presidente Max Mosley, que era amigo do bom velhinho. Seria um arroubo de ingenuidade achar que, depois de tantos anos, David Ward decidiu candidatar-se à presidência. Porque não o foi em 2009, como substituto natural de seu “criador”? Aposto todos os meus quinhões de que é uma tentativa explicita de se colocar alguém “mais interessante” no comando da FIA por parte de quem perde espaço para o atual signatário, não?

 

O problema – para o bom velhinho – é que Todt vem, aparentemente, fazendo uma boa gestão e isso cria, por si só, uma dificuldade extra para qualquer opositor. Contudo, Ward questiona a gestão de recursos da federação por parte da atual presidência e aí a coisa fica mais complexa: quem acusa, tem o ônus da prova.

 

Com as campanhas abertas pela eleição, Ward partiu para o ataque, “alertando” para uma possível “farsa” no ato eleitoral que acontecerá no final do ano. O britânico afirmou que, quando Todt recebeu no passado mês de março o apoio de onze das doze federações automobilísticas da América Central, numa reunião em Montevidéu – apenas El Salvador não o fez – isso seria uma manobra política para inviabilizar uma campanha da oposição (mas na época, não havia nenhum sinal neste sentido).

 

Para ser elegível para as eleições presidenciais da FIA em 2013, um candidato precisa propor um vice-presidente para cada uma das sete regiões, incluindo a América do Norte. Tendo a tal carta de apoio sido assinada por 11 dos 12 clubes e/ou federações do continente, restaria a Ward nomear o vice-presidente de sua chapa para região no país que não tem nenhuma projeção no meio automobilístico.

 

O candidato de oposição afirmou que não pode esperar a mudança de posição de qualquer clube/federação, deixando de apoiar Todt, uma vez que poderá sofrer represálias. A fim de “tentar garantir a integridade das eleições”, Ward disse ter entrado com um pedido no Comitê de Ética para que a carta de apoio não seja reconhecida no processo eleitoreiro, uma vez que ela foi redigida seis meses antes do prazo onde as candidaturas e a campanha pelo cargo eram permitidas.

 

O bom velhinho é uma raposa daquelas de fazer inveja a alta cúpula da nossa política e certamente, dividir para conquistar é algo que ele certamente conhece a arte. Assim, do nada, de uma eleição aclamada em 2009, o pleito de 2013 pode vir a ter até mesmo um terceiro candidato!

 

Mohammad Bin Sulayem, maior representante do esporte a motor no Oriente Médio e que já ocupou o cargo de vice-presidente da federação internacional. Há um rumor – e como rolam rumores nestas horas – de que Sulayem e Ward estão juntos no mesmo barco, compondo uma única chapa. Ward teria se lançado como candidato em um primeiro momento apenas para “testar a força da oposição” entre os diversos eleitores, além de apontar os problemas de estrutura na atual gestão da FIA. Parece coisa destas legendas de aluguel no horário eleitoral!

 

Longe de mim defender Jean Todt como um super dirigente e um santo imaculado, mas que está evidente que a sua gestão está incomodando pessoas, isto está. O bom velhinho que o diga: Todt articulou a assinatura do novo ‘pacto da concórdia’, com duração até 2020, e atingiu em cheio o ponto mais sensível de Bernie Ecclestone – o bolso!

 

A FIA vai receber de Bernie Ecclestone, através da FOM – Formula One Management, órgão que administra a F1 – cerca de 170 milhões de libras ao longo dos próximos anos. Alem disso, apenas pela assinatura, a entidade máxima do automobilismo teria recebido 3 milhões. Some-se a isso a parte paga pelas equipes, onde a taxa de inscrição de cada equipe na categoria também será de 3 milhões por temporada.

 

Já pensaram se o nosso sorridente presidente dá uma “mordida” dessas na Vicar ou na Dona Neusa? Difícil é acreditar que todos eles fazem tudo por amor ao esporte...

 

Enquanto isso, no balcão do cafezinho...

 

Essa coisa de “imprensa solidária” pode ser um perigo. Antes do GP da Coréia, pipocaram notícias de que, Rubens Barrichello estaria negociando sua volta para a Fórmula 1 e que poderia até mesmo correr o GP do Brasil deste ano pela Sauber, com quem estaria negociando para ser o “tutor do menino de ouro”, Sergey Sirotkin.

 

Convidado (contratado) da televisão aberta para as transmissões das corridas e para fazer entrevistas no grid, tudo aponta para que, fora das câmeras, Rubinho tenha percorrido os motorhomes atrás de oportunidades. E a “imprensa solidária” tratou de noticiar que as negociações estavam em curso, ainda mais quando distorceu as palavras da atual chefe da equipe, Monisha Kaltenborn, quando esta elogiou o brasileiro.

 

Quando a estória voltou para dentro da Sauber, inclusive com uma possível participação de Barrichello já no GP do Brasil, a própria dirigente tratou de “esclarecer” qualquer mal entendido, descartando que ele vai pilotar para a equipe, desta feita de forma muito clara. Monisha disse ter muito respeito por Rubens e também que não seja certo apenas dizer abruptamente ‘não, não vamos conversar’. Ela também declarou que conversa com ele sobre jovens pilotos e outros assuntos, mas que não houve conversas sobre pilotar em 2014 ou mesmo em Interlagos. Precisa mais?

 

Quem também ouviu o que não queria – mais uma vez – foi o Romain Grosjean. Assim como teve que ceder a segunda posição para Kimi Raikkonen no GP da Alemanha este ano, desta feita, no GP da Coréia, após a saída do segundo safety car, quando ficou atrás do finlandês que não trocou pneus e subiu para o segundo posto, Romain falou no rádio que estava mais rápido que Kimi e que poderia passar e atacar o líder, Sebastian Vettel. A resposta veio com um “No, you cannot” para Grosjean e a determinação de que ele ficasse quieto. Mais um sapo goela abaixo.

 

Este tipo de problema não é nada perto do que está vivendo a ‘Nega Genii’. Sem trocadilhos, a coisa tá preta para os lados de lá! A situação é tal que a equipe ainda não definiu quem será o companheiro do Romain ‘surtado’ Grosjean para 2014 por questões financeiras. Quem levar mais dinheiro, tem tudo para levar a vaga e nessa, até o Pastor Maldonado, que anda desanimado por andar numa Williams de fundo de pelotão com todo o dinheiro da PDVSA. Nesse caso seria uma questão de ver como evitar um conflito de interesses com a Total, petrolífera francesa que é patrocinadora do Grosjean. Tá ficando difícil para o Macarroni...

 

E a guerra já começou na Ferrari. Depois de receber a notícia de que não haverá privilégios de primeiro piloto para ninguém na ‘scuderia’ para 2014, Fernandinho das Lamúrias declarou esta semana que não vê Kimi Raikkonen como um piloto mais rápido que Felipe Massa (sic). Um dos meus melhores amigos dos tempor de colégio é um renomado oftalmologista aqui em Belo Horizonte... posso recomendar!

 

O prefeito Fernando Haddad e Bernie Ecclestone, presidente da Formula One Management (FOM), assinaram na tarde desta quarta-feira a renovação do contrato do Autódromo de Interlagos com a categoria. Antes ameaçado de deixar o calendário do maior campeonato automobilístico do mundo, o circuito paulista seguirá até 2020... mas é bom ficar com um pé atrás.

 

O bom velhinho, que já havia afirmado mais de uma vez que a capital paulista não voltar a receber uma etapa da categoria caso não fizesse mudanças significativas no autódromo, está insatisfeito com a demora na execução das obras prometidas para o autódromo, Ecclestone chegou a ameaçar a exclusão da pista já na próxima temporada, mesmo o contrato em vigor tendo validade até o fim de 2014. Ou seja, o risco continua!

 

Por questões pessoais, deixei para fechar a coluna nesta manhã e deparei-me com a triste notícia da morte de Maria de Villota.

 

Ela foi encontrada no quarto do hotel onde estava hospedada, na cidade de Sevilha, por volta das 7 e meia, hora local, já sem vida, segundo informações veiculadas por vários veículos de comunicação da Espanha. De acordo com a imprensa espanhola, não havia sinais de violência, tampouco medicamentos ou drogas junto ao corpo, e uma autópsia ainda será conduzida para esclarecer as causas da morte. A hipótese mais considerada no momento aponta para “causas naturais”.

 

Maria fazia parte da comissão de pilotos junto à FIA, que é presidida por Emerson Fittipaldi, para assuntos relativos ao automobilismo. na próxima segunda-feira, ela lançaria o livro “A vida é um presente”.

 

Um abraço e até a próxima semana,

 

Fernando Paiva 

 

Last Updated ( Saturday, 12 October 2013 21:49 )