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Fernando contra a parede! PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 28 September 2013 23:33

Olá fãs do automobilismo.

 

Se tem uma coisa na psicologia que o profissional não deve (poder é algo muito relativo) deixar acontecer com ele é ser surpreendido por alguma atitude ou colocação do seu paciente. Caso isso aconteça, ele precisa ser muito discreto para que o paciente não perceba. Isto pode acabar criando uma desconfiança ou um questionamento de quão apto você está ou é para ajudá-lo a encontrar as respostas que ele busca.

 

Contudo, as vezes me surpreendo com a lista de consultas marcadas quando volto ao consultório após um GP de Fórmula 1. Quem estava marcado para o primeiro horário da quarta-feira, pós GP de Singapura foi Fernando Alonso. Ele esteve no consultório um mês atrás, com alguma sensação de desconforto, mas fomos fazendo das sessões algo mais leve. Ele marcar um retorno fora do programado devia ser uma indicação de algo muito desconfortável para ele.

 

Fernando chegou cedo. Antes mesmo da minha assistente, segundo ela me falou na hora do almoço. Quando cheguei ao consultório, ele levantou-se e veio me cumprimentar. Apesar do sorriso, senti uma certa tensão no seu olhar. Pedi alguns minutos antes de convidá-lo a entrar. Dar “aquela organizada básica” nas coisas antes do primeiro paciente.

 

Convidei Fernando para entrar, deixei-o acomodar-se e, como costumo fazer, deixei o paciente “fazer o primeiro movimento” – é uma estratégia que considero ser mais eficiente do que perguntar algo. Isso as vezes coloca o paciente na defensiva.

 

Fernando contra a parede. Situação desconfortável.

 

Fernando realmente estava – está – desconfortável com a sua atual situação dentro da Ferrari. Pegou muito mal dentro da equipe as declarações feitas após o GP da Hungria e uma guerra de declarações na imprensa – como os italianos adoram isso – estabeleceu-se entre ele e o presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo.

 

Contudo, o episódio da ida do seu empresário e procurador, Luiz Garcia Abad, ao motorhome da Red Bull, procurar Christian Horner para tentar negociar uma mudança de equipe para a temporada de 2014 realmente estremeceu a relação entre Fernando e a equipe, embora no retorno das férias e, principalmente, na semana do GP da Itália, as “juras de amor” à equipe tenham sido feitas e repetidas diversas vezes, nem os ‘tifosi’ e muito menos a diretoria da equipe tiveram a mesma crença na honestidade daquelas palavras, proferidas anos antes.

 

Provavelmente este “movimento de bastidores” feito por Fernando e seu procurador precipitaram a saída de Felipe Massa da equipe.  Se Luca Di Montezemolo ficou desconfortável – para não dizer furioso – com a atitude de Fernando Alonso, ele certamente iria tomar atitudes para deixar a vida do seu “piloto primadona” menos “confortável” dentro da equipe e isso só seria possível se ele perdesse “regalias” como ter o caminho livre todas as vezes que chegasse no seu companheiro de equipe.

 

Quando a notícia do da tentativa de negociação com a Red Bull vazou, muitos microfones e tendo que se explicar.

 

A contratação de Kimi Raikkonen quebrou uma situação estabelecida 17 anos antes, quando Michael Schumacher foi para a equipe. Até então, a Ferrari sempre buscou ter dois pilotos de alto nível e com liberdade para lutar por vitórias e títulos. Não que Rubens Barrichello e Felipe Massa não tivessem esta condição de “pilotos campeões em potencial”. Felipe provou isso em 2008 onde ele e Kimi tiveram condições iguais durante aquela e a temporada anterior. Contudo, Fernando voltou a estabelecer o “modus operandi” do hepta campeão Schumacher.

 

Fernando sabe que terá que se adaptar a uma nova realidade. Ele sabe que sua maneira de trabalho, de motivar e unir o time em torno de si continuará dando frutos, mas que o carro do lado dentro dos boxes terá tanta atenção quanto a sua. Pior, o piloto deste carro não será um “submisso serviçal” como ele conseguiu condicionar o papel de Felipe Massa na equipe nestes últimos quatro anos.

 

Ele sabe que o finlandês não é o tipo de pessoa que se deixa influenciar pelo que é falado na mídia, pelo que é falado no rádio durante as corridas e muito menos demonstra ter – se é que os tem – pontos de vulnerabilidade para se fazer uma pressão psicológica. Então, como trabalhar para que todo o projeto de se tornar um multi campeão não vá de vez por água abaixo?

 

Em Monza, um "mea-culpa", uma declaração de amor eterno e uma ideia de prolongar o contrato.

 

A Ferrari conseguiu trazer de volta de sua “aposentadoria” o sul africano Rory Bryne, o projetista que fez os fantásticos carros pilotados por Michael Schumacher desde os tempos da Benetton, onde foram – junto com Ross Brawn – bi campeões do mundo. O carro terá um novo motor. Menor, mais leve, diferente. Vai se estabelecer uma “disputa de pranchetas” (se bem que hoje os carros são projetados em programas como um ‘auto cad’) entre Rory Bryne e Adrian Newey e, caso os planos da Ferrari deem certo, a equipe vai poder, efetivamente brigar pelo título.

 

Mas se brigar pelo título e ter reais condições de conquistá-lo, porque Fernando está tão incomodado? Talvez pelo “erro estratégico” de não dar o mesmo suporte que deu a Felipe Massa no ano passado quando, desde cedo, quando Felipe começou a ser questionado, ele partiu em defesa do brasileiro. Desta vez, quando ele se manifestou, a decisão parecia que já estava tomada.

 

Fernando ainda tem mais três anos de contrato a cumprir com a Ferrari, que só termina em 2016. Se há alguma cláusula sobre perda de performance da equipe que o liberaria de cumprir o contrato inteiro – há uma em que, se ele não tiver meios de ficar entre os três primeiros colocados ao final do campeonato, ele poderia sair – mas a questão é: sair pra onde?

 

Na coletiva em Singapura, entre a cruz e a espada. A expressão em seu rosto diz tudo!

 

A Red Bull não se interessou pelos seus serviços (O que eu lamentei muito. Adoraria ver a disputa entre Fernando e Helmut Marko). A Mercedes tem apostado na dupla “café com leite” de Lewis Hamilton e Nico Rosberg e a “Nega Genii” tem os problemas de ordem financeira que ficaram expostos este ano, com atrasos de salário e falta de investimentos no desenvolvimento do carro. Se com dinheiro está difícil andar na frente, sem ele é muito mais complicado.

 

Fernando precisará apostar, mais do que nunca, na sua capacidade técnica e na sua habilidade em acercar-se das pessoas para reparar os danos que ele mesmo provocou na sua relação com a Ferrari e, além disso, andar mais rápido do que nunca. Afinal, seu novo companheiro de equipe tem capacidade mais que suficiente para deixá-lo numa verdadeira fria!

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares

 

 

Last Updated ( Sunday, 29 September 2013 00:04 )