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A vida continua, Felipe PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 12 September 2013 19:41

Olá fãs do automobilismo,

 

Depois de tudo que vimos no final de semana do sonolento GP da Itália do domingo passado, dia 8, particularmente em função de tudo que se falou na imprensa nacional e internacional, tomei eu mesma a iniciativa de ligar para o Felipe para me colocar à disposição dele, na hora que ele quisesse vir ao consultório. Meus sentimentos estavam certos: ele chegou antes de mim na segunda-feira, mas não pensem que ele é a imagem da depressão.

 

Ao contrário do que o leitor da minha coluna possa imaginar, Felipe estava com uma expressão muito tranquila no rosto. A tranquilidade de que sabe que fez tudo o que poderia ser feito dentro das limitações do carro – e do seu contrato. Era como se ele estivesse tirando um pesado fardo de seus ombros.

 

Felipe lembrou de tudo o que conversamos nesta mesma época no ano passado, de suas angústias e de tudo que ele viveu no ano passado, mas confessou que estava mais tranquilo no ano passado, mesmo com os resultados piores do que os deste ano. O contrato renovado por um ano era um alerta!

 

O promissor início de 2013, com o bom comportamento do F-138 e ainda por cima estar largando constantemente à frente de Fernando Alonso, embora impedido por contrato de permanecer na frente do espanhol, vinha alimentando a confiança de Felipe, com um, digamos, pico de emoção com GP da Espanha, quando voltou ao pódio, de onde esteve longe por mais de dois anos. Contudo, depois de Barcelona os problemas se sucederam. Acidentes como os de Mônaco, tanto nos treinos quanto na corrida, no mesmo ponto da pista, gerou críticas pesadas.

 

A Ferrari tratou de defender Felipe, informando que o carro sofrera um problema mecânico, mas isto não diminuiu o tom pesado com o qual a imprensa italiana voltou a tratar Felipe como vinha fazendo no ano passado. Bastou um único erro para que todo o clima pesado e o coro de vozes descontentes com o brasileiro bradassem. Pior, aumentaram após mais um acidente, desta vez nos treinos para o GP do Canadá. Interessante é que, quando Fernando Alonso errou grotescamente no GP da Malásia, estas mesmas vozes não se levantaram contra ele.

 

Dois pesos e duas medidas. Felipe foi ojerizado quando bateu em Mônaco... e quando Fernando errou toscamente na Malásia? Nada!  

 

A decisão da sua saída já estava tomada desde antes da ida para as férias de agosto, o anúncio era uma questão de “quando”, e não uma questão de “se” iria acontecer. Faltava apenas a confirmação de um substituto dentro do interesse da equipe, que acabou tendo um “ajuste de pensamento” depois da visita nem um pouco digerida do empresário de Fernando Alonso ao motorhome da Red Bull com intenções comerciais, visando uma ida do espanhol para a equipe dominadora do campeonato.

 

Nem com a possibilidade de ser um outro piloto a sair da equipe – no caso, Fernando Alonso – a situação de Felipe Massa seria alterada. A direção da Ferrari estava mesmo decidida a encerrar a relação que começara em 2001, uma época em que o desempenho de Felipe na Fórmula 3000 rendeu uma manchete na revista italiana Autosprint que certamente teve mais efeitos negativos do que positivos. Afinal, era o primeiro e mais pesado fardo lançado sobre seus ombros e que tem sido colocado sobre os ombros de todo e qualquer piloto brasileiro que sai do país em busca de trilhar o caminho do automobilismo internacional, visando a Fórmula 1.

 

O contra senso disto é que Felipe Massa tinha como ídolo e inspiração outro piloto, justamente aquele que seria – aos olhos da maioria – a antítese do “herói nacional”: Nelson Piquet! Talvez por ser, justamente um admirador do tricampeão, Felipe teve uma maneira bem distinta no tratamento com a imprensa, mantendo os assuntos internos da equipe distante dos holofotes da mídia, em especial da mídia italiana, uma fomentadora de intrigas sem tamanho.

 

O duro fardo de ser comparado com Ayrton Senna persegue todos os pilotos brasileiros desde a sua morte... uma cobrança injusta.

 

Um fato que pode ter ficado esquecido no passado, um período anterior à Ferrari, é que Felipe passou por uma “dispensa” exatamente há 10 anos atrás. Foi na Sauber, que hoje aparece como uma das possibilidades para uma continuidade. Foi quando Peter Sauber optou por ter uma dupla de pilotos alemães (Nick Heidfield e Heinz Harald Frentzen) e a analise do dono da equipe foi que Felipe não tinha atingido suas expectativas...

 

Mas o que seria a expectativa de um dono ou chefe de equipe em relação aos seus pilotos? Será que a expectativa destas pessoas pode, tem o direito de ir de encontro aos anseios, à natureza destes meninos-homens que cresceram competindo e que chegaram onde chegaram – pelo menos em sua maioria – por serem vencedores na vida e nas pistas?

 

Qual o tamanho da dor que um piloto sente quando ouve pelo rádio algo como Felipe ouviu na Alemanha em 2010 (Felipe, Fernando is fazter than you) e é obrigado a ceder espaço, abrir passagem para o outro piloto da equipe? Uma boa amostra já havia sido dada, quando o espa

 

2010: um duro golpe para Felipe e que deixou claro qual era a realidade dentro da equipe Ferrari para quem estava vendo de fora. 

 

Na última corrida, Felipe largou de forma espetacular, mesmo saindo da quarta posição no grid, no lado mais sujo da pista. Por pouco não tomou a liderança na primeira chicane e, dentro da medida do possível, perseguia o ‘imperseguível’ Sebastian Vettel, deixando Mark Webber entre ele e seu algoz... até que Fernando tomou a terceira posição.

 

Nem precisava mais mensagem de rádio, como não foi preciso em nenhuma das vezes em que esta situação ocorreu. Parecia que estava escrito no mostrador do volante do carro a ordem da equipe, certamente escrita em seu contrato: “Fernando is faster than you”! Pior foi ver a equipe ser “lerda” na troca de pneus e ainda tirá-lo do pódio... tiraram Felipe da hora da consagração ou não queriam riscos de um improvável, impensável ataque ao “dono da casa”?

 

Apesar de faltarem 7 corridas para encerrar o calendário, Felipe vai continuar correndo na Ferrari. Sério e responsável, vai cumprir com seu contrato... em todos os pontos, apesar de eu e todos os seus admiradores desejarem que ele se insurgisse e fizesse como o argentino Carlos Reutemann, que disse não às ordens da equipe e não abriu passagem para Alan Jones, quando ambos corriam na Williams.

 

Força Felipe: é assim que todos nós queremos ver você. 

 

Uma atitude impensada e intempestiva pode fazer com que você até recupere parte de sua auto estima, mas pode fechar potenciais portas para o ano seguinte. Da mesma forma, uma postura apática irá desestimular os diretores das outras equipes a considerá-lo uma aquisição valiosa para as suas linhas nesta nova F1 que se apresenta para 2014, com novos conceitos e motores turbo.

 

Seja homem, profissional e honre seus princípios, Felipe. Eles valem mais que qualquer troféu, tílulo ou ordem via rádio.

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares

 

 

 

 

Last Updated ( Thursday, 12 September 2013 20:42 )