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As origens da FIA PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 29 June 2024 22:33

A 20 de junho de 1904, um grupo de associações de automóveis reuniu-se em Paris com um objetivo: criar uma entidade supranacional para regular a industria automobilistica nascente, mas sobretudo, ditar as regras das provas automoilisticas. Contudo, isto chegou numa altura em que o automobilismo já tinha 10 anos e também foi o resultado entre duas correntes, dois tipos de corridas: entre os que queriam provas entre cidades, e as corridas de circuito.

 

No final, com a criação da entidade, foram dados os passos necessários para a formação dos primeiros Grandes Prémios, e depois os primeiros regulamentos de automóveis, os primeiros campeonatos e claro, os títulos de pilotos e construtores.

 

 

AS ORIGENS

 

A primeira corrida automóvel tinha acontecido 10 anos antes, a 20 de julho de 1894, uma prova entre Paris e Rouen. O sucesso dessa competição fez com que no final de 1895 se constituisse o Automobile Club de France, a primeira associação de automóveis do mundo, que olharia para os interesses não só da industria automóvel, como das competições automobilisticas que começavam a aparecer. Nesses tempos eram as corridas entre cidades, com distâncias cada vez mais longinquas, que atraíam cada vez mais gente nas estradas, em carros cada vez mais potentes e velozes. Logo, os automóveis clubes que começavam a ser formadas, tinham de se unir para regular os carros em diversas categorias, todas reguladas pela cilindrada do motor.

 

 

Em 1902, surgiu a primeira corrida em circuito fechado, na Bélgica, na zona de Spa-Francochamps. Os circuitos eram enormes: o primeiro tinha cerca de... 82 quilómetros! Cedo surgiram duas correntes, o dos circuitos fechados, mais seguros, controlados, com acessos cerrados para que os carros pudessem circular em segurança, e com comissários designados pelas organizações para controlar a passagem dos carros. A segunda corrente queria as provas entre cidades, por atrairem imensa popularidade e terem muitos inscritos. Mas com isso, a segurança estava muitas vezes em jogo, porque mesmo com policiamento, estavam centenas de milhares de pessoas a verem os carros a passar a mais de 150 km/hora, sem qualquer tipo de segurança. Logo, as tragédias seriam inevitáveis.

 

Em 1903, organizou-se o Paris-Madrid, onde apareceram mais de 300 inscritos, ao ponto de, mesmo com os pilotos a partirem com um minuto de intervalo em Versailles, quando saiu o último, o primeiro carro estava a quase 300 quilómetros de distância! Com cem mil espectadores só na partida, e mais de três milhões de espectadores ao longo das estradas, os acidentes foram inevitáveis. O mais famoso de todos foi o de Marcel Renault, um dos fundadores da marca do losango, que perdeu o controlo do seu carro a mais de 130 km/hora e acabou por morrer, bem como o seu mecânico.

 

 

No final da primeira etapa, em Bordéus, o governo interviu e apreendeu os carros, acabando ali mesmo a corrida. O ACF queria que a competição continuasse, mas as corridas entre cidades sofrerem um rude golpe.

 

COMPETIÇÕES ENTRE NAÇÕES

 

Por esta altura, um milionário americano e dono de jornais, Gordon Bennett, decidiu oferecer um troféu e dinheiro para as nações que inscrevessem automóveis pelo seu país, e competirem para o conquistar. Cedo apareceram as principais nações automobilisticas: França, Alemanha, Reino Unido, Belgica, Estados Unidos e Itália. Entre 1900 e 1905, a França ganhou três edições, contra um do Reino Unido e outro da Alemanha. E foi aí que surgiram as cores que entraram na imaginação das pessoas: azul para a França, vermelho para a Itália, verde para o Reino Unido – usado a partir de 1903 – e branco para a Alemanha (o prata só seria usado 30 anos depois, nos Mercedes e Auto Union de Grande Prémio).

 

 

Em 1904, a Gordon Bennett Cup decorria na Alemanha, num circuito fechado com... 128 quilómetros de diâmetro na região dos montes Taunus, numa corrida que durou quatro voltas - 527 quilómetros no total. Marcas como Mercedes, Fiat e Wosleley participavam nessa corrida. Nesse ano, a França, que se via a maior nação automobilistica, mas tinha perdido a edição de 1903 para a Mercedes, queria triunfar, e tinha um duplo objetivo: o restaurar do orgulho ferido, e tambem porque queria ter mão nos regulamentos automobilisticos. É que, sem competições no seu país, proíbidos por causa dos acidentes do Paris-Madrid, queria retomá-los, usando o modelo do circuito fechado. Mas para levar os seus planos adiante, o primeiro de todos era... ganhar.

 

Os escolhidos na delegação francesa foram os Richard-Brasier, um deles guiado por Léon Théry. Do lado alemão, os Mercedes estavam presentes, e o seu melhor piloto era... um belga, Camile Jenatzy, que cinco anos antes, tinha entrado nos livros de história por ter sido o primeiro piloto a rodar a mais de 100 km/hora no seu protótipo elétrico “Jamais Contente”.

 

 

Ao final de cinco horas e 50 minutos, o vencedor acabou por ser o francês Léon Théry, e no regresso dos franceses a Paris, com o troféu nas mãos, o Automobile Club de France decide convidar as outras associações para formar uma organização que reúna os Automóveis Clubes que começam a surgir um pouco por todo o mundo, e reconhecer aqueles que poderão surgir no futuro. Deram o nome de “Association Internationale des Automobile Clubs Reconnus”, ou a sigla de AIACR.

 

A reunião fundadora aconteceu a 20 de junho de 1904 e os seus membros iniciais eram quase todos europeus: França, Alemanha, Reino Unido, Bélgica, Itália, Estados Unidos.

 

 

A escolha para presidente acabou por cair no franco-belga Étienne van Zuylen van Nyevelt. Então com 43 anos, era um barão que tinha sido o primeiro presidente do Automobile Club de France, em 1895, e as suas qualidades de diplomata vinham de longe: seu pai tinha sido embaixador, o seu avô, o presidente da câmara de Bruges, uma importante cidade belga. Casou-se com um membro da família Rothschild e tinha uma paixão pela equitação, bem como o automobilismo. Ele ficaria como presidente da AIACR até se reformar, em 1931.

 

Feita a organização, os franceses prosseguiram com a segunda parte do plano. Quando conseguiram pela segunda ocasião ficar com o Troféu Gordon Bennett, decidiram que era altura de montar o seu próprio Grande Prémio, usando o modelo dos circuitos fechados. Isso acabaria por acontecer em 1906, na cidade de Le Mans. E o modelo ficou até aos nossos dias.

 

O RESTO DA HISTÓRIA

 

Dezoito anos depois da sua fundação, em 1922, a AIACR decidiu separar o ramo desportivo do ramo automobilístico, criando assim a “Comission Sportive International” (CSI), que iria elaborar os regulamentos desportivos internacionais das diversas competições, e dar títulos a campeões, primeiro de Construtores, depois de pilotos, e em especial, na Europa.

 

 

Com o tempo, a associação crescerá para acolher mais de 200 federações - há países que tem mais de uma federação, a automóvel (no caso português, é o ACP, o Automóvel Clube de Portugal, fundado em 1905) e a desportiva, que em Portugal é representada pela FPAK, a Federação de Automobilismo e Karting.

 

Em 1946, após a II Guerra Mundial, a AIACR decidiu reconstruir-se começando por ser renomeada de FIA, e ali elaborou, através da CSI, os regulamentos daquilo que viria a ser a Formula 1, o Mundial de Ralis, o Mundial de Kart e de Endurance, entre outros. A CSI viria a mudar de nome para FISA, no final de 1978, altura em que tinha um novo presidente, o francês Jean-Marie Balestre. Em 1993, ambas as entidades, FISA e FIA, decidiram fundir-se, sob os auspícios de um novo presidente, o britânico Max Mosley.

 

 

Hoje em dia, sob os auspícios do árabe Mohhamed ben Sulayem, a FIA regula competições como os Mundiais de Rallycross (WRX), os mumdiais de carros de turismo (WTCR), a competição elétrica (Formula E), os Mundiais de Todo-o Terreno, os Mundiais de Drift, e mais recentemente, o FIA Motorsport Games, uma competição feita nos moldes dos Jogos Olimpicos, um dos legados de Jean Todt, o antecessor de Mohammed ben Sulayem. Em 2024, o FIA Motorsport Games acontecerá no circuito valenciano Ricardo Tormo, no leste de Espanha. 

 

 

Saudações D’além Mar,

 

Paulo Alexandre Teixeira

 

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Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.

 

 

    
Last Updated ( Monday, 01 July 2024 22:02 )