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Está o Touro indo pro brejo? PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 07 May 2024 16:08

A corrida disputada no estacionamento de um estádio de futebol americano e sua circunvizinhança teve algo que chamou mais atenção do que a primeira vitória de Lando Norris na Fórmula 1.

 

O comunicado oficial de que Adrian Newey estaria deixando a equipe no final da temporada acabou com mais um da série de rumores (e fatos) que vem cercando o touro no pasto da categoria onde ele alimentou-se, cresceu e dominou o cercadinho da categoria, desbancando a Mercedes, mesmo depois de todas as tentativas da FIA e da Liberty Media espalhar pesticida no relvado. Nos últimos anos.

 

Trabalhando na equipe desde 2006 – e conquistando seu primeiro título em 2010 – onde conquistou 4 títulos em sequência, até que a FIA e a CVC, então dona da categoria mudasse as regras para a temporada 2014, especialmente com a introdução das “unidades de potência” hibridas, com dois sistemas de recuperação de energia, que desequilibrou a balança para o lado da Mercedes, levou tempo até que a Red Bull retomasse as rédeas da categoria com o aparente bem azeitado time com Christian Horner, Adrian Newey, Helmut Marko e – dentro do carro – o fora de série Max Verstappen. Com um time desses funcionando bem, o que poderia dar de errado?

 

 

No final de outubro de 2022, antes do fim da temporada e de um título sem polêmicas para Max Verstappen, Dietrich Mateschitz, fundador da Red Bull, passou dessa para melhor e ele era um grande entusiasta da presença da marca das bebidas energéticas ligadas aos esportes de ação, a Fórmula 1 entre elas. Sob sua gestão eles reformaram o A1 Ring e este virou não só o Red Bull Ring como passou a receber os maiores eventos de automobilismo e motociclismo do mundo.

 

 

A gestão da empresa ficou, inicialmente a cargo de Oliver Mintzlaff, mas em seguida foi nomeado um CEO, Franz Waczlawiak, Alexander Kirchmayer foi nomeado CFO e o cargo de CEO para projetos e investimentos corporativos (que também inclui a Red Bull Racing) ficou com Oliver Mintzlaff. Apesar de não haver um pronunciamento oficial sobre o assunto, os sinais de que o trio “não fala a mesma língua”, especialmente quando o assunto é Fórmula 1 foram ficando claros e as reações dentro da equipe eram os indicativos.

 

O primeiro a ameaçar “chutar o balde” foi o Ciclope, como bem o chama nosso colunista, Alexandre Gargamel. Nos tempos de Dietrich Mateschitz, Helmut Marko mandava mais que pão de queijo em café da tarde de mineiro. Tratava os pilotos como material descartável, criava disputas entre os pilotos da equipe, aos chutes com os pilotos do programa de jovens talentos e sem as costas quentes do dono do negócio, ele foi perdendo a liberdade.

 

 

Aos 79 anos (na época), o consultor da equipe falou no final da temporada de 2022 que só permaneceria totalmente comprometido se gostar da nova estrutura organizacional da Red Bull e que poderia deixar a Red Bull como consultor quando quiser, de um dia para o outro e que ao longo de 2023 a relação com Oliver Mintzlaff foi ficando mais azeda a cada dia e a autonomia que ele e Christian Horner tinham esvaia-se. A parceria com a Porsche, tida como certa, foi para o vinagre e com a já anunciada saída da Honda ao final de 2025, foi assinado um contrato de fornecimento com a Ford, que não põe os pés na categoria desde que o último Ford-Cosworth parou de roncar.

 

As coisas foram se complicando cada vez mais e o caso – muito mal explicado – do “conflito” entre Christian Horner e uma funcionária da equipe, que arrastou-se por meses entre as temporadas de 2023 e 2024, terminando com a permanência de Horner e a suspensão da funcionária após a dispensa de Christian Horner ser dada como certa, Jos Verstappen, pai de Max, andar dando declarações à imprensa e até o Bom Velhinho surfando na onda para dar palpite sobre o imbróglio.

 

 

Aparentemente havia um desentendimento em torno da questão entre Christian Horner e Adrian Newey e a permanência de Horner pode ter sido o empurrão para que Newey comunicasse que não trabalharia mais na equipe após o final da temporada. Os carros desenhados por Newey renderam à equipe seis títulos de construtores e sete campeonatos de pilotos, com mais um de cada vindo pela frente até o final do ano (duvido que alguém duvide disso). De forma oficial, o mago dos carros da categoria, hoje com 65 anos, não revelou qual será seu destino, mas além de deixar no ar de que “está no mercado”, está claro que uma corrida pelos seus serviços será uma das mais disputadas, com Ferrari, Aston Martin e McLaren brigando por ele. Mercedes? Tudo aponta para um clima pouco amistoso com Toto Wolff e isso deixariam os alemães fora da disputa.

 

Mas não bastasse tudo isso, com o desmantelamento do vitorioso trio da cabine no Pitwall, dentro da pista, apesar do contrato de longo prazo que, em teoria, o comprometia com a Red Bull até 2028, e outro carro dominante abaixo dele, não parecia haver razão para Max Verstappen se sentir tentado a trocar de macacão. Contudo, em meio à batalha de poder dentro da Red Bull pelo controle da equipe de F1, as consequências da investigação de Christian Horner e agora a saída de Adrian Newey a situação mudou muito.

 

 

Jos Verstappen, que declarou guerra contra Christian Horner posicionando-se contra ele no caso com a funcionária em que o “assédio” foi falado, mas não explicitado, e vendo o risco de ser “despedaçada”, atribuindo a isso a permanência de Horner no cargo, estão gerando geraram sugestões sobre a permanência ou não de Max Verstappen na equipe. Além das questões de administração interna, buscar uma estrutura forte, segura, “menos instável” e com potencial para manter o atual campeão no topo, no final de semana do Grande Prêmio da Arábia Saudita, o próprio piloto avisou que provavelmente abandonaria a equipe se Helmut Marko, fosse dispensado, em meio a uma investigação em andamento sobre vazamentos na mídia.

 

 

Uma decisão drástica neste sentido certamente está amarrada em alguma cláusula de contrato. Estas só podem ser acionadas por razões claras com as quais ambas as partes se comprometeram no momento em que o acordo foi assinado. Alguém aqui já leu o contrato do Max Verstappen? Eu nem sequer falo inglês! No caso de Verstappen, descobriu-se nas últimas semanas que o holandês realmente tem uma cláusula em seu acordo que lhe permitiria abandonar o cargo se Marko fosse dispensado.

 

 

Caso todo este desmantelamento ocorra, o desmantelamento de uma grande equipe vai se dar de uma forma que não há precedentes (ao menos que eu lembre) na F1. O touro irá – literalmente – pro Brejo!

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.